Mais da metade dos desempregados é mulher

7 de março de 2012

Às vésperas das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, o Dieese, em conjunto com a SEI e a Secretaria de Planejamento da Bahia, apresenta dados relativos ao mercado de trabalho e às distorções entre homens e mulheres. O boletim Pesquisa Emprego Desemprego – a Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho em Salvador e Região Metropolitana – 2012 reafirmou pontos envolvendo situações de desigualdade.

De acordo com a pesquisa, mais de metade da população desempregada é composta de mulheres e as que se encontram ocupadas continuam a receber  menos que os homens. O estudo mostra, contudo, a manutenção de um claro contexto discriminatório, em pleno século XXI, sobre a posição da mulher, ainda em desvantagem com a do homem.

Segundo a coordenadora da PED, Ana Margaret Simões, diminuiu em 2011 a presença feminina no mercado de trabalho.

“Trata-se de 13 mil mulheres a menos na PEA baiana, ao passo que o número de homens se elevou em 1 mil. Entre as causas disso, a mais possível diz respeito ao fraco dinamismo econômico do ano anterior”, revela. A PED mostrou que são 973 mil homens na PEA da Bahia contra 893 mil mulheres.
Em 2010, eram 972 mil homens para 906 mil mulheres.  “A variação total é de 14 mil pessoas ocupadas, sendo 8 mil para homens e 6 mil para mulheres. Entre os reflexos da saída das mulheres do mercado de trabalho, temos a diminuição no número de empregados atingindo a geração de postos, que também retraiu”, frisa.

Contudo, ela menciona que 2012 é um ano considerado incerto e se mostra realista quanto às alterações entre as diferenças entre mulheres e homens no mercado de trabalho. “Este ano é um ano de incertezas. Ele sofrerá os efeitos da macropolítica brasileira no intuito de conter a crise econômica. Tem ainda as eleições municipais que o fazem ser de incertezas”, declara.
A pesquisa também aponta um movimento que consolida uma tendência de melhoria iniciada em 2004. A PED destacou que, “apesar de pequena, a expansão do nível ocupacional combinou-se com a retração da PEA, o que reduziu em 26 mil pessoas o número de desempregados.

A taxa de desemprego total (15,3% da PEA), em queda pelo oitavo ano consecutivo, atingiu o patamar mais baixo da série histórica da Pesquisa, iniciada em dezembro de 1996. Por outro lado, o rendimento médio real dos ocupados apresentou expressiva retração de 7,5%, interrompendo a trajetória de recuperação dos últimos anos” cita.

Cresce o trabalho autônomo

Ainda sobre a retração da participação da mulher em 2011, a PED explica que ela é vista como ocorrida num ambiente positivo criado pela expansão do nível ocupacional, que provocou a redução da taxa de desemprego. Para as mulheres, o incremento ocupacional de 0,8% foi praticamente o mesmo do registrado para os homens de 0,9%.
Já a taxa de desemprego das mulheres diminuiu mais que a dos homens, passando de 20,5% da PEA feminina para 18,6%, entre 2010 e 2011. De acordo com a pesquisa, no período em questão, a taxa de desemprego masculina diminuiu de 12,9% da PEA masculina para 12,2%.
Para Ana Margaret, houve uma retração maior na geração de postos de trabalho no setor de serviços para as mulheres. O setor público, segundo ela, também teve impactos, pois  detém altos rendimentos, e gerou diminuição na criação de empregos.
“Isso acarreta impactos negativos. As mulheres ocupadas ganham hoje R$ 886 ao passo que os homens R$ 1.191 por mês. No ano de 2010, era R$ 968 para as mulheres e  R$ 1.282 para os homens”, frisa e acrescenta: “O aumento no nível ocupacional em 2011 ocorreu, sobretudo, no assalariamento do setor privado com carteira de trabalho assinada: crescimento de 5,3% no contingente assalariado feminino e de 8,2% no masculino.
Dentre as demais modalidades de inserção ocupacional, destaca-se o crescimento de 5,4% no número de mulheres no trabalho autônomo, aumento mais elevado que o observado para os dos homens (2,1%), e a ampliação de 15,7% no contingente de trabalhadoras domésticas”, lembra. A pesquisa faz menção a redução de 17,7% entre as mulheres empregadoras. Número esse mais elevado que a dos homens na mesma condição (15,6%).
“A mulher ganhava por hora, em 2010, cerca de 85,2% do que ganhava um homem, em 2011 ela passou a ganhar 83,4% do que ganha um homem em média. Isso gerou elevação nas distâncias entre homens e mulheres  na questão rendimento.
O setor da indústria é o que traz maiores diferenças. Os rendimentos das mulheres são 67,6% da média dos homens e o de serviços é o oposto da indústria. As diferenças nos rendimentos são bem menores. Apenas 82,8% mensais”, avalia Ana Margaret.

 

Fonte: Tribuna da Bahia
Imagem: Google