Por Juliano Spyer
Uma por e-mail, outra pelo Facebook. As duas ferramentas produzem resultados diferentes, claro.
Estou entrevistando para o blog duas pessoas com práticas relevantes na internet. Não vou falar sobre isso agora, mas sobre a maneira como estou conversando com cada uma.
A primeira tem 14 anos. Perguntei à irmã dela – que nos apresentou – se ela usava e-mail. A resposta me deixou pensativo: “ela acha que sabe”.
É que, para esse grupo, o e-mail é uma espécie de comprovante de residência virtual, um instrumento com função apenas burocrática que serve quase exclusivamente para a inscrição em serviços online.
É interessante considerar o que há de diferente entre o e-mail e o Facebook, que é a central de comunicação para adolescentes conectados.
Ambos são ferramentas sociais de comunicação, mas o e-mail privilegia o contato de um para um. Ele cobra um custo alto de atenção porque as mensagens tendem a ser escritas individualmente para serem lidas apenas pelo interlocutor em questão.
O Facebook inverte essa lógica. É possível conversar individualmente com alguém lá dentro, mas esse não é o atrativo principal da ferramenta e sim as mensagens genéricas que demandam pouca ou nenhuma atenção. Como a mensagem não é para ninguém em específico, há menor expectativa de resposta.
Sinto a diferença do efeito das duas ferramentas no resultado das conversas que estou tendo.
Na entrevista por e-mail, posso mandar várias perguntas porque a minha interlocutora dará, quando puder, atenção integral à tarefa de me responder. Trocamos mensagens relativamente longas.
A minha outra entrevistada responde às minhas perguntas ao mesmo tempo em que faz muitas outras coisas. Comenta, cutuca, compartilha. O resultado é que estou me condicionando a mandar uma pergunta por vez para não pedir demais de sua atenção inquieta.
Em breve, publicarei o resultado das entrevistas e vamos ver como o uso de plataformas diferentes implicará em diferenças na participação de cada uma.