No dicionário são sinônimos, e significam “pessoa que compra uma mercadoria ou serviço”. Mas existe algo mais.
Esquecendo um pouco a sinonímia, acredito que ao longo do tempo as palavras vão ganhando conotações diferentes, apesar da inflexibilidade do dicionário. Em bom português, eu defino cliente como um consumidor exigente que compra um produto ou serviço da sua empresa pela qualidade dos mesmos, mas deixando claro que comprará do vizinho se você “pisar na bola”. Já o freguês, é aquele consumidor de pouquíssima exigência que compra de você por costume ou amizade, independente da qualidade do que é vendido, e continuará comprando de você mesmo que o produto seja eternamente ruim.
A empresa eficiente é aquela que percebe a diferença, se esmera em oferecer o melhor, e mais, procura pelo cliente porque é este que tornará a sua empresa sempre eficiente.
Já a empresa ineficiente é aquela que, ciente de sua ineficiência, busca desesperadamente por fregueses no mercado, pois estes são o escudo de sua incompetência, a sua salvação.
Dentro desses conceitos, os clubes brasileiros seriam “empresas” de (a)alta ou (b)baixa eficiência ? E seus consumidores seriam (a)clientes ou (b)fregueses ?
Se voces entendem que a resposta são os ítens (a), voces devem estar achando que a situação dos nossos clubes está fantástica. Mas aqueles que entenderem que os ítens (b) estão mais próximos da realidade, é fácil começar a entender porque, apesar do “fulgurante” crescimento econômico que experimentamos nos últimos anos, nossos estádios continuam vazios, o valor médio dos ingressos ainda é baixo (o produto “entregue” vale à pena ?), os planos de sócios-torcedores, com honrosas exceções, possuem resultados pífios, porque grandes clubes estão frequentemente sem patrocinadores, e porque os grandes patrocinadores morrem de mêdo de vínculos de longo prazo com esses mesmos clubes.
Os clubes brasileiros se beneficiam, e por isso se acomodam, do fato de seus consumidores serem fregueses e assim o serão para sempre. Os grandes da Europa (e muitos nem tão grandes assim), tem o mérito de tratar seus “fregueses” como clientes, e receber os bônus devidos.
Com o pouco que nossos clubes oferecem, a resposta é a indiferença, seja no vazio dos estádios, ou em desastradas ações como as chamadas pomposamente de “crowdfunding”, mas que até Mestre Joel sabe que não passa da popular e antiga “little cow”.
Por Ricardo Araujo
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