Concentração é grande
São Paulo – Quem só pensa no sabor do chocolate pode esquecer que o produto é, para muitas empresas, sinônimo de negócio. No Brasil, a indústria de chocolate movimentou em torno de 5,6 bilhões de reais no ano passando. Segundo a Nielsen, só na Páscoa foram 60.180 toneladas do doce – o suficiente para abarrotar 100 superjumbos com a iguaria feita de cacau.
Se os números impressionam, a concentração de mercado não passa batido: líderes no segmento, Nestlé e Kraft Foods respondem por nada menos que 76,6% do volume de chocolate vendido no país, conforme aponta o último levantamento da Euromonitor sobre o setor, com dados de 2010.
Na visão de Ana Carolina Boyadjian, analista de alimentos da Lafis, o Nordeste deverá entrar no radar das empresas que quiserem brigar por um lugar ao sol, expandindo suas redes de distribuição. Foi o que fez a Kraft no ano passado, com a construção de uma fábrica em Pernambuco. O grande empecilho para a estratégia seria o clima quente da região, que exigiria mais investimentos para a acomodação adequada dos produtos.
Veja, a seguir, quais são as maiores empresas de chocolate do país – e o que elas vêm fazendo para conquistar os chocólatras brasileiros:
1. Nestlé
Marcas conhecidas: Alpino, Baton, Charge, Chokito, Garoto, Kit Kat, Prestígio, Sensação, Suflair, Serenata de Amor e Talento
Maior empresa de alimentos do mundo, a suíça Nestlé lidera a primeira posição do ranking com uma participação de 44,1% no mercado de chocolates, segundo a Euromonitor. É verdade que a gorda fatia lhe rende uma certa folga em relação às concorrentes. Mas esse número já foi maior no passado: em decisão de 2004, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) entendeu que a compra da Garoto pela empresa teria incrementado em excesso a presença da Nestlé nas prateleiras.
O Cade recomendou a venda da Garoto para outra companhia, de olho na parcela de 58% que a Nestlé teria abocanhado no mercado. A empresa contestou a decisão na Justiça. Completados dez anos da aquisição, o desenrolar do caso aguarda um parecer do Tribunal Regional Federal, que poderá aprovar o negócio, vetá-lo ou ainda solicitar a realização de um novo julgamento no Cade. Enquanto aguarda uma decisão, a Nestlé segue injetando dinheiro na Garoto. Entre 2008 e 2011, foram 250 milhões de reais em investimentos. Os pontos de venda da marca já somam 400.000 estabelecimentos.
2. Kraft Foods
Marcas conhecidas: Amandita, Bis, Confeti, Diamanete Negro, Lacta, Laka, Sonho de Valsa, Ouro Branco, Milka e Toblerone
Enquanto não muda o nome para Mondelez, como anunciado em meados de março, a americana Kraft Foods celebra a chegada da Páscoa. De agosto a março, a empresa contratou 1,2 mil temporários para trabalhar na unidade de Curitiba, maior fábrica da empresa no mundo. O motivo foi um só: turbinar a produção de chocolate para consolidar a liderança em ovos, mantida pela Kraft há 15 anos. Em 2012, serão cerca de 27 milhões de unidades comercializadas.
Considerado todos os formatos de chocolate e para além dessa época do ano, a Kraft desce para a segunda posição na lista das empresas que mais vendem chocolate. Segundo dados da Euromonitor de 2010, a participação da empresa é de 32,5% no mercado brasileiro. Apesar de ter chegado no país em 1993 com a compra da empresa de bebidas em pó Q-Resfresko, a Kraft só passou a carimbar seu nome nos bombons e barras depois de fechar a compra da centenária Lacta, em 1996.
3. Arcor
Marcas conhecidas: Samba, Ben 10, Moranguinho, Rocklets, Tortuguita e Twister
O grupo argentino Arcor também estreou no Brasil depois de fechar uma aquisição. Em 1981, a companhia comprou a Nechar Alimentos, fabricante de balas de Rio das Pedras, no interior de São Paulo. De lá para cá, investiu na instalação de outras fábricas e no lançamento de produtos. Inaugurada em 99, a unidade de Bragança Paulista é responsável pela produção de chocolates da empresa. Para colocá-la de pé, foram investidos 40 milhões de dólares.
Hoje, a Arcor ocupa o terceiro lugar no pódio da Euromonitor. Mas a distância em relação à segunda colocada é abissal: com 3,6% do mercado de chocolates, a empresa está quase 30 pontos atrás da Kraft. Apesar de exportar balas e guloseimas para outros países, praticamente toda a produção de chocolate é destinada ao Brasil. Segundo a empresa, o volume produzido para a Páscoa este ano foi 20% maior que o registrado em 2011. Comemorando o aumento, a Arcor enfrenta, por outro lado, um recall de 545.000 unidades do ovo Rapunzel. O produto será retirado do mercado em função de uma falha na confecção do brinde, que acabou contaminando o gosto e o aroma do chocolate.
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