Sete perguntas sobre a redução dos juros

13 de abril de 2012

Bancos estatais decidiram aplicar taxas de juros mais competitivas em inúmeras operações de crédito. Tire suas dúvidas sobre a redução.

Com juros menores, bancos estatais pretendem atrair clientes de instituições privadas (Jupiterimages/Thinkstock)

Nesta semana, duas grandes instituições brasileiras (Caixa e Banco do Brasil) colocaram em prática uma redução significativa em suas taxas de juros sobre várias operações de crédito. A decisão tem o carimbo do governo. Ela faz parte de uma estratégia ampla de estimular o crescimento econômico por meio do consumo. Com a redução dos juros dos bancos estatais, o governo indiretamente pressiona todo o setor a trabalhar com taxas menores, estimulando a competição bancária.

No final da tarde de quarta-feira, o banco estatal gaúcho Banrisul também anunciou redução das taxas cobradas sobre suas linhas de financiamento.

Leia o questionário abaixo e tire dúvidas sobre a redução.

Entenda como funcionará a tomada de crédito

Estratégia do governo é utilizar os bancos públicos para forçar a queda generalizada dos juros no setor bancário.

Clientes de outras instituições podem ter acesso às taxas menores?

Em primeiro lugar, é preciso tornar-se correntista de uma das instituições que anunciaram redução, além de ter uma fonte de renda comprovada. No momento da abertura de conta, o cliente tampouco pode ter seu nome cadastrado em instituições que guardam informações sobre inadimplência, como Serasa ou SPC.

É possível pedir empréstimos imediatamente após a abertura da conta?

Após a abertura da conta, o banco definirá o valor do crédito total disponível para o cliente, seja por meio de Crédito Direto ao Consumidor (CDC), financiamento automotivo, cheque especial e outras linhas. Na Caixa e no Banco do Brasil, é possível contratar um empréstimo com a taxa de juros já reduzida logo após a abertura da conta, caso o limite seja pré-aprovado pela instituição. Contudo, no caso da Caixa, há linhas de crédito específicas, como para a compra de automóveis, que requerem um período de três meses desde a abertura da conta até a contratação na linha. Também é possível que, dependendo do valor do empréstimo pedido, os bancos exijam garantias ou avalistas. A reportagem não conseguiu localizar representantes do Banrisul que pudessem explicar a redução de juros.

Quais taxas sofreram redução?

As principais linhas de financiamento tiveram queda na taxa de juros, com exceção do crédito habitacional. Contudo, as reduções mais significativas ocorreram no Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e no cheque especial. Na Caixa, as taxas mais atrativas estão associadas à migração da conta-salário para o banco. A taxa de juros para crédito pessoal para clientes que migrarem suas contas passou de 4,65% ao mês para 2,65% ao mês. Já para os que não recebem salário por meio da Caixa, as taxas eram de 5,40% ao mês e passaram para 3,88% ao mês.

No Banco do Brasil, a redução do BB Crediário foi ainda mais agressiva e não discrimina clientes que migraram ou não o recebimento de seus salários para o banco. Antes, as taxas variavam mensalmente entre 2,26% e 4%. A partir de hoje, passam a variar entre 1,6% e 1,98% ao mês. Segundo o Banco do Brasil, a variação depende do relacionamento do banco com o cliente – ou seja, dos investimentos feitos, da compra de seguros e capitalização, por exemplo.

Na modalidade cheque especial, a redução foi ainda mais expressiva. Na Caixa, as taxas passaram de 8,25% ao mês para 4,27% ao mês para todos os clientes. Contudo, os que migrarem suas contas-salário poderão ver a taxa encolher para 1,35% ao mês. Segundo o banco, a taxa mínima pode ser alcançada gradualmente, conforme o cliente adquirir produtos, como investimentos, seguros ou pacotes de serviços mais completos.

No Banco do Brasil, a redução da taxa do cheque especial só ocorrerá se o cliente aderir a um pacote de serviços e tarifas cujo valor varia entre 18 e 54 reais ao mês. Com o nome de Bom Para Todos, o pacote permite a redução automática dos juros do de 8,31% ao mês para 3% ao mês – mas somente após a utilização de mais de 50% do limite por mais de 60 dias. Segundo o Banco do Brasil, a adesão ao pacote dá direito à instituição de também reduzir pela metade o limite do cheque especial do cliente assim que a nova taxa for liberada. A assessoria de imprensa do banco informou que a iniciativa tem o objetivo de auxiliar o controle financeiro dos clientes que utilizam o cheque especial.

Após a contratação do crédito, as taxas podem ser alteradas?

Segundo as instituições, as taxas permanecem as mesmas durante todo o período de vigência do contrato da operação de crédito.

É cobrada alguma taxa para a migração da conta-salário para um dos bancos?

Segundo as instituições, a operação não tem nenhum custo tanto para funcionários de empresas privadas como para servidores públicos.

Servidores públicos terão acesso a taxas menores do que as foram anunciadas?

De acordo com a Caixa e o Banco do Brasil, nenhum cliente poderá ser beneficiado com taxas menores do que as mínimas divulgadas pelos bancos. Contudo, o fato de ser servidor (federal, estadual ou municipal) faz com que um cliente tenha acesso mais fácil às taxas mais baixas da tabela.

Taxas de juros menores justificam a mudança de banco?

Segundo especialistas ouvidos pelo site de VEJA, a mudança se justifica se os clientes tiverem um objetivo específico para a contratação do crédito, e não apenas pelo fato de uma instituição apresentar uma taxa menor. Eles ainda recomendam que os clientes tentem negociar taxas mais atrativas em suas próprias agências e, somente se não obtiverem sucesso, efetuarem a abertura de uma nova conta. Eles advertem que é preciso levar em consideração os componentes dos pacotes de tarifas oferecidos pelos bancos, os valores de anuidades de cartões e demais benefícios disponibilizados a clientes que possuem contas há muito tempo em uma mesma agência.

 Fonte: Veja Economia