Construções sustentáveis

18 de abril de 2012

Fundado em 1993, o escritório de arquitetura paulistano Studio M+B é especializado em soluções ecológicas para estabelecimentos comerciais

Materiais reciclados ou reutilizados, vegetação farta, iluminação natural e ventilação cruzada são algumas estratégias ecológicas do Studio M+B, empresa que cria soluções arquitetônicas sustentáveis. São projetos mais caros que os convencionais, por isso nem sempre os clientes são receptivos. Para vencer a resistência, o estúdio salienta os benefícios para o meio ambiente e para a saúde dos ocupantes, proporcionados, por exemplo, pela ausência de ar-condicionado. Além disso, os custos são cobertos com o tempo.

“Um projeto desse custa uns 15% a mais, mas é uma diferença que logo se paga”, afirma o arquiteto paulistano Carlos Myra, sócio de Angela Beneton no estúdio paulistano, que destaca as reduções do volume de entulho e da conta de energia elétrica. “Apresentamos essas sugestões a todos os clientes, mesmo àqueles que não têm uma preocupação inicial com a sustentabilidade. Muita gente não pensa nisso por falta de informação”, afirma Myra. A demanda pelo pacote completo ainda é limitada, diz ele, mas cada vez mais clientes — 80% são comerciantes — aceitam pelo menos parte das propostas.

O arquiteto de 46 anos começou a carreira participando da implantação de grifes no Brasil. Abriu o primeiro escritório em 1993 e o reestruturou com a chegada de Ângela, 31, em 2003, mas não tirou os pés do segmento fashion. A maioria dos projetos está neste nicho, com marcas como Invert, Lilla Ka, My Shoes, TVZ, TKTS, Spezzato, Rubinella e Mash. A butique Eden, no bairro de Vila Madalena, em São Paulo, foi a primeira a seguir a cartilha da sustentabilidade de cabo a rabo, como mostram as imagens ao lado.

ECONOMIA > Há dois anos, os projetos de iluminação mesclavam lâmpadas fluorescentes e led. Hoje em dia, o led dá conta do recado. O consumo é menor — economia de 80%, segundo a Eletropaulo — e a durabilidade é maior — 25 mil horas, contra mil horas de uma lâmpada incandescente comum, segundo a Philips.

VINTAGE > Pigmentos naturais, os mesmos que tingem os tecidos orgânicos usados como matéria-prima na loja, foram adaptados para pintar as paredes. Trata-se de um produto artesanal, que proporciona um bonito aspecto envelhecido. Só que é 10% mais caro que as tintas convencionais.

LEVEZA > Projetos modernos aceleram a execução da obra e reduzem o volume de materiais descartados nas caçambas. Para lojas e showrooms, a tendência é aliar estruturas metálicas a blocos cerâmicos.

AR PURO > Um levantamento criterioso do local permite tirar partido das condições naturais, como posição do sol, vento predominante e vegetação. Na loja Eden, vidros móveis substituem a vitrine convencional, favorecendo a ventilação cruzada.

FRESCOR > Paisagismo generoso, jardins suspensos, cortinas de plantas e espelhos d’água cercam o imóvel com uma espécie de cinturão de ar fresco, perceptível do lado de dentro. Funciona como um sistema de climatização natural.

Por Flávia Pinho