Tarifas e seguros ajudam instituições a contornar problemas com calotes

2 de maio de 2012

Tarifas bancárias, as taxas de administração dos fundos de investimento e as vendas de seguros sustentaram os resultados

Juntos, os três maiores bancos privados do país – Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – lucraram R$ 7 bilhões de janeiro a março deste ano, o que representou uma queda de 2,34% em relação a igual período do ano passado. O tombo só não foi maior porque as tarifas bancárias, as taxas de administração dos fundos de investimento e as vendas de seguros sustentaram os resultados.

Em meio à escalada da inadimplência, o dinheiro separado pelos três bancos para cobrir calotes – as chamadas provisões para devedores duvidosos – subiu 31%, a R$ 12,7 bilhões no primeiro trimestre do ano. Os balanços de Itaú, Bradesco e Santander acabaram demonstrando o impacto, mas os bancos se equilibraram com as receitas de serviços.

No Bradesco, as receitas com serviços e seguros subiram 19,1% em um ano, para R$ 13,5 bilhões. Somadas, as participações de serviços e seguros foram responsáveis por 57% do lucro líquido do banco, o que equivaleu a quatro pontos percentuais acima da fatia de 2011. Só a Bradesco Seguros gerou 32% do resultado. O crédito, que um ano atrás respondia por 30% do lucro, no primeiro trimestre deste ano equivalia a 27%. “A queda de participação do crédito se deve à inadimplência”, explicou Luiz Carlos Angelotti, diretor-gerente do Bradesco.

“Quando há um ambiente de maior inadimplência, as operações de seguro acabam servindo como uma espécie de colchão, dão mais estabilidade ao resultado do banco. Por isso, nesse cenário, o Bradesco vem se beneficiando na comparação com Itaú, que também vem sofrendo mais com inadimplência”, disse um gestor de fundos que tem participação no Itaú. O banco presidido por Roberto Egydio Setubal tem uma operação de seguros menor na comparação com o Bradesco.

Do lado das tarifas, os analistas do Deutsche Bank ressaltam que o Bradesco vem tendo um desempenho consideravelmente acima da previsão dada pelo banco, que era de uma expansão de 8% a 12% no ano. De janeiro a março, a evolução foi de 17%.

No Itaú, as receitas com serviços, tarifas e seguros subiu 14% no primeiro trimestre de 2011, ante igual período do ano anterior. Foram R$ 5,7 bilhões. A maior expansão veio das tarifas de conta corrente, que cresceram 30%, seguidas dos cartões de crédito, com mais 20%.

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias do Santander somaram R$ 2,473 bilhões no primeiro trimestre de 2012, alta de 15,5% em 12 meses e de 6,7% ante o quarto trimestre de 2011. Combinadas ao aumento da margem financeira, essas receitas contribuíram para melhorar o índice de eficiência do banco espanhol, que atingiu 43,6% no primeiro trimestre de 2012, recuo de 2,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2011.

O grande destaque na linha de receitas de prestação de serviços, no caso do Santander, continua sendo as comissões com cartões, que totalizaram R$ 646 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 36,7% em 12 meses e de 6,8% ante o quarto trimestre de 2011. O chamado segmento de “adquirência” – responsável pelo credenciamento de estabelecimentos comerciais, captura, processamento e liquidação de transações com cartões de débito e crédito -, no qual o Santander concorre com pesos pesados como Cielo e Redecard, responde por grande parte desses ganhos.

As comissões de seguros deram um salto expressivo no primeiro trimestre sobre o quarto trimestre de 2011, de 68,7%, totalizando R$ 460 milhões. A variação no trimestre é explicada, principalmente, pelo efeito sazonal de renovação de apólices que se concentram nos primeiros meses do ano. A Santander Seguros foi vendida para a Zurich em outubro do ano passado, mas o banco continua comercializando os produtos.

Fonte: www.valor.com.br  – Por Carolina Mandl e Aline Lima
Imagem: Google