Funcionário custa à empresa o triplo de seu salário, calcula FGV

24 de maio de 2012

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão somando diversos fatores, como o 13º salário, adicional de férias e alimentação

No Brasil, quando uma empresa contrata um trabalhador, ela assume um custo que representa o triplo do salário dele.

Uma máquina eletrônica trabalha quase sozinha, mas não faz tudo automaticamente. Alguém tem que colocar a bobina, emendar os 84 fios e embalar o tecido pronto. Para dar conta das encomendas, a indústria precisaria de mais gente, mas não tem planos de contratação.

“A gente já sofre muito na hora de fazer o nosso custo final. Se a gente contratar mais pessoas, se torna inviável”, afirma o diretor da fábrica, Renato Bitter.

Essa é uma preocupação que vem da dúvida. O diretor da empresa sabe qual é o salário de cada funcionário, mas além do valor registrado na carteira de trabalho, exatamente quanto custa a mão-de-obra para a fábrica? Essa é uma conta mais difícil de fazer.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez o cálculo. “As pessoas sempre têm essa impressão de que o custo de trabalho no Brasil é elevado. A gente se propôs a investigar isso de forma mais profunda do que vinha sendo feito até então”, explica o pesquisador Eduardo Zylberstajn, da FGV-SP.

Para descobrir o custo real, os pesquisadores usaram o piso do setor têxtil. O salário líquido é de R$ 671,60. Foram somados 13º, adicional de férias, alimentação e transporte. Na conta, entram também auxílio-creche, cesta básica, fundo de garantia, INSS e indenizações em caso de demissão; todos os impostos e encargos previstos em lei, como salário-educação. Por último, outras despesas que a empresa tem sempre que contrata um funcionário novo, como treinamento e administração de pessoal.

Resultado: em um ano no emprego, esse funcionário vai custar R$ 2.067,45 por mês, o triplo do salário líquido.

“A partir do momento em que você consegue dizer item por item onde esse item do trabalho está sendo gasto, você pode, de alguma forma, criar uma política, seja para diminuir, seja para deixar essa remuneração do trabalhador de forma mais a gosto do próprio trabalhador”, conclui o professor Vladimir Ponczek, da FGV de São Paulo.

Fonte: Globo.com – Jornal Nacional