A sociedade que conhecemos está em constante transformação, e essa transição tem influenciado não só os nossos costumes do dia a dia como também nossas relações interpessoais, a forma como nos comunicamos e como nos relacionamos com as empresas de quem somos clientes.
Talvez o ícone maior dessa quebra de paradigma seja o rompimento da lógica de consumo tradicional, em que a parte que adquire o produto é chamada de consumidor e a parte do outro lado do balcão é chamada de vendedor.
Em economias mais avançadas como nos Estados Unidos, essa relação começa a ganhar novos elementos que melhor explicam essa relação de troca que cada vez mais terá lugar no mundo moderno, um mundo sem paredes, em que a confiança e a parceria entre as duas partes são mais do que propaganda publicitária.
É o que fez a Microsoft, por exemplo, ao levar seu produto líder de vendas globais, o Windows, para o mercado e pedir para que desenvolvedores de todo mundo apontassem as falhas e possibilidades de melhora na nova plataforma que ainda será lançada ao consumidor final, o Windows 8.
A ideia de uma megacorporação se assumir como uma empresa tocada por humanos e, portanto, sujeita a falhas nos assusta num primeiro momento, mas, ao olhar mais atento, mostra que mais do que querer vender uma imagem de empresa eficiente, a Microsoft quer vender produtos eficientes aos seus consumidores.
A iniciativa, que não chega a ser incomum no mercado de tecnologia, é um ícone dessa nova era. Agora é o consumidor quem tenta ajudar a construir o produto que ele quer comprar, e não estamos apenas falando em customização de mercadorias, mas na possibilidade real de o consumidor estar lado a lado do balcão, ajudando a desenvolver um produto e apontando quais são as necessidades de mudanças de algo antes mesmo de isso ser levado adiante no mercado.
Apenas como comparação, tente imaginar um restaurante que convidasse seus clientes a entrar na cozinha e que desse a eles a oportunidade de mostrar ao chef o que ele este deve fazer para que o prato fique melhor a outros consumidores. A improvável cena também nos faz refletir sobre o lado negativo da iniciativa, que é o risco de expor ao cliente que você pode estar fazendo errado aquilo que ele está pagando para consumir.
Algo semelhante ocorreu com o novo produto da Microsoft. A empresa de Bill Gates alocou alguns dos melhores engenheiros de software do mundo e deu a eles a oportunidade de trabalhar incansavelmente por vários anos no Windows 8 antes de colocá-lo à prova dos desenvolvedores do mercado.
Apesar disso, experts de tecnologia de vários países, muitos deles ainda no ensino médio, apontaram uma série de erros e problemas no programa da Microsoft, que acabou tendo que fazer não uma ou duas mas sim 100 mil correções no Windows 8 antes de lança-lo mundialmente.
Ainda assim, a empresa decidiu ser cautelosa e colocou à disposição de clientes uma versão Beta, para testes, antes de enfim colocá-lo à prova da crítica do verdadeiro consumidor final, aquele que hoje é apenas acostumado a adquirir produtos e que ainda não aceita que esses sejam, por definição humana, imperfeitos.
Outro exemplo de ajuda mútua no desenvolvimento de soluções comuns a povos e consumidores é a pesquisa que procura criar mosquitos transgênicos alterados, tocada inicialmente por cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Testes realizados pelos britânicos na cidade de Juazeiro, na Bahia, produziram mosquitos transgênicos incapazes de transmitir a dengue.
O experimento no Brasil foi levado adiante por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e por cientistas da organização social Moscamed, uma pioneira biofábrica global que utiliza a tecnologia de raios-x para a esterilização de insetos.
Apesar de ser uma pesquisa científica, o projeto tem fins comerciais, assim como o desenvolvimento de vacinas por laboratórios cujos principais clientes são governos e megacorporações de diversos países que sofrem com surtos de dengue, como o próprio Brasil.
São exemplos de ações conjuntas que resultam em melhores práticas ambientais ou comerciais para um mundo cada vez mais globalizado e exigente. Um mundo melhor para as empresas e para as pessoas. É a certeza de que estamos no caminho certo.
Fonte: PALAVRA DO PRESIDENTE- CNDL
Imagem: www.cafecomsucralose.blogspot.com