Sem remédio, comendo direito e malhando: uma história de obstinação, cerveja e 26 quilos a menos
São Paulo – Gordo mente para si próprio. É uma verdade amarga: chega de tentar colocar chantili e banha de porco na realidade. O gordo consome acocorado num canto do quarto seu crack achocolatado e diz que não entende por que não consegue emagrecer. Esconde até de si próprio que comeu.
Eu posso falar, porque estava muito gordo. Sempre fui gordinho, mas cheguei a um ponto em que passei a sentir arrepios quando pensava na possibilidade de não passar na catraca do cinema. Bom, aconteceu que eu comecei a me exercitar, me alimentar melhor e, depois de algumas tentativas frustradas, queimei 25% do meu peso. Foram 26 quilos em um ano, num ritmo saudável, sem a ajuda de remédios, bebendo e sem passar muita fome. Pegue uma caneta para anotar as dicas, por favor.
A primeira providência é parar de pensar que a gordura foi colocada em você por uma força maligna. A não ser que você tenha algum problema de saúde como hipotireoidismo (Ronaldo, essa não colou), está assim porque come de modo errado e não se mexe. A maioria tenta.
Como não vê resultado nos primeiros 15 minutos, desiste. Aí vem outra lição: o objetivo não deve ser emagrecer, ou você vai ficar ansioso e enfiar a cara no primeiro prato que passar na frente. O objetivo é criar outro personagem. Sempre fui fascinado por atores como Robert De Niro e Tom Hanks, capazes de engordar e emagrecer para um papel. “Mens agitat molem”, a mente comanda a matéria.
E como as pessoas reparam. Um tio meu achou que eu estava passando fome e me ofereceu um dinheiro (eu aceitei). As piadas sobre doenças terminais vinham aos borbotões. Tive de mandar um ou dois para o inferno. Mas não há coisa parecida com a sensação de se reinventar. Talvez ela seja inversamente proporcional ao desconforto que se sente ao encontrar uma foto antiga (passei meses dando um jeito de censurar esta matéria por causa da foto abaixo, com o brinde e o rosto redondo).
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