Desde a época de nossas avós, é evidente o papel da mulher como administradora do dinheiro da casa. Nossas mães sempre criaram soluções simples e econômicas para pagar as despesas da criação dos filhos, conseguindo “esticar” os recursos para cobrir os gastos com alimentação, lazer e educação. Eram verdadeiras “magas” financeiras.
Atualmente, as mulheres podem retomar as lições familiares aprendidas e combiná-las com o imenso conhecimento disponível para administrar suas finanças pessoais, respeitando sempre alguns princípios fundamentais de economia:
Um real hoje vale menos que um real amanhã
O dinheiro é um bem limitado, e devido à inflação, perde valor com o passar do tempo. Amanhã, você precisará de mais dinheiro para comprar as mesmas coisas de que necessita hoje. A desvalorização do dinheiro deve ser levada em conta na hora de planejar gastos, investimentos e o endividamento pessoal.
Investimentos de longo prazo devem ser financiados com recursos de longo prazo
Os gastos mensais pessoais e familiares devem ser cobertos com as entradas de cada mês. O uso do cartão de crédito só é indicado se não houver juros no parcelamento e houver acúmulo de milhas ou pontos, permitindo melhor organização e controle da renda familiar.
As aquisições de bens duráveis para a família devem ser planejadas com antecedência, segundo suas metas e sonhos. É aconselhável realizar uma pesquisa de preços, características básicas, garantias, gastos adicionais e formas de pagamento. A escolha do bem deve se basear nas necessidades reais da família a curto e longo prazo.
O investidor prudente diversifica o investimentmo total
Na hora de tomar decisões de compra de produtos financeiros (ações, títulos, etc.) é indispensável analisar as variáveis rentabilidade e risco, além de aplicar o dinheiro em diversos investimentos diferentes. Desta forma, as perdas podem ser compensadas pelos ganhos, reduzindo o risco e confirmando a antiga máxima: “não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta”.
Com base nesses princípios, é possível implementar uma estratégia simples para administrar as finanças pessoais, que permitam satisfazer os desejos e necessidades nos diferentes papéis da mulher moderna, seja como mãe, mulher, esposa ou profissional. Desta forma, é possível viver com tranquilidade e equilíbrio econômico, sem exagerar nem se engessar em um rígido controle de gastos.
Uma ferramenta poderosa e simples é o FLUXO DE CAIXA. Primeiro, você relaciona detalhadamente as entradas de dinheiro, depois as saídas, e por último, soma entradas e subtrai as saídas para determinar o saldo final em caixa.
Saldo final em caixa = Entradas de dinheiro – saídas de dinheiro
Para estruturar o fluxo de caixa, é preciso adotar alguns hábitos simples . Identifique os pagamentos mensais regulares e anote em detalhes tudo o que gasta diariamente, para definir o “perfil de gasto atual”.
Para isso, use um caderno ou arquivo em Excel, e nele, anote os gastos mensais da casa, como aluguel, luz, água, mensalidade do colégio, TV a cabo, remédios, supermercado, etc. Em seguida, abra um espaço para “vários”, que deve conter a somatória dos gastos diários que não constam do planejamento mensal. Eles serão registrados em uma folha diferente.
Nesta outra folha, registre por um mês, diariamente, os gastos com “vários”. Entre esses gastos não planejados, estão as despesas da padaria, roupas em oferta, transporte ou gasolina, presentes, gastos pessoais, saídas de fim de semana, a pizza de domingo, o cinema com a família, imprevistos, etc.
Este exercício permitirá que você conheça seu perfil de gastos e identifique os esbanjamentos, fechando a torneira desses “vazamentos” diários, que muitas vezes, alcançam quantias significativas.
Depois de conhecer seu perfil de gastos, você pode tomar uma atitude. Um exemplo é definir um orçamento mensal para as saídas de fim de semana, para a pizza e lanches rápidos, para a compra de roupas em liquidação, gastos no salão de beleza, etc.
Defina uma cota de poupança mensal, seja em uma caderneta ou carteira de investimentos. O mínimo deve variar entre 3% e 10% de sua renda, mas o ideal seria 30% de toda a receita.
Por fim, defina quanto gasta com as despesas familiares em condições normais, sem esbanjamentos nem sufocos.
Agora, vamos passar para as receitas. Em uma folha, detalhe:
As receitas provenientes de salários e suas deduções (receita líquida), e as rendas adicionais por venda de produtos, juros, aluguéis, etc.
Some as entradas e subtraia os gastos para determinar a receita líquida ou o “prejuízo” do mês.
Se as entradas líquidas somam $20 e as saídas $18, o excedente mensal é de $2. Neste caso, é aconselhável aumentar a cota de poupança para imprevistos e zerar o fluxo de caixa.
Se as entradas líquidas somam $20 e as saídas $25, seu déficit é de $5. É preciso rever cuidadosamente os gastos mensais para eliminar, compensar, diminuir a frequência e reduzir os GASTOS, nunca a poupança.
Seguindo esses passos simples, você pode se tornar uma mulher organizada, que conhece bem seu perfil de gastos e sabe administrar as finanças pessoais.
Por Mercedes Fajardo Ortiz
Professora de contabilidade e finanças Universidade Icesi de Cali, na Colômbia