A cena se repete com frequência: o cliente entra em um estabelecimento comercial e, antes mesmo de se acomodar, dá meia volta e vai embora depois de ler em uma placa: “não aceitamos cartões”.
Embora não existam dados sobre quantas pessoas deixam de comprar determinado produto ou serviço porque a empresa não aceita cartões, números da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que, para a maioria dos setores, os meios eletrônicos já representam mais de 50% das formas de pagamento usadas pelos consumidores.
Pesquisa da Abecs também aponta que, no primeiro trimestre de 2011, o crescimento das transações foi de 15% para cartões de crédito e de 20% para débito.
Taxas em queda
Até a Receita Federal já aceita cartão de crédito e mesmo alguns taxistas levam as maquininhas no porta-luvas. Mesmo assim, quem não usa alega que as taxas pagas às credenciadoras são altas. Elas costumavam ficar entre 3,5% e 5% do valor da compra, além do aluguel da máquina.
Mas esses valores vêm caindo desde 2010, com o fim da exclusividade das bandeiras. Isso aumentou a concorrência entre as credenciadoras das máquinas. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), no começo deste ano as taxas já estavam entre 2,5% e 4,5% (o porcentual varia de acordo com a característica do estabelecimento). Além disso, a isenção na taxa de locação das máquinas se tornou mais comum.
“A abertura do mercado foi um grande passo para a indústria e tem beneficiado o comércio, principalmente os pequenos empreendedores”, afirma Fernando Barbosa, superintendente da Abecs. Levantamento da instituição aponta que 70% dos estabelecimentos acreditam que a situação melhorou após o fim da exclusividade das bandeiras. “A concorrência também gera para o estabelecimento um maior poder de barganha e negociação, o que vai continuar acontecendo com a chegada de novos empreendedores”, completa Barbosa.
De acordo Fernando Barbosa, a indústria de cartões busca medidas para estimular seu uso nas transações de baixo valor, as chamadas “small ticket”. Ele lembra que os cartões são responsáveis por 54% do faturamento dos estabelecimentos comerciais. Um erro que muitas empresas ainda cometem é cobrar uma taxa pelo uso do cartão ou estipular um valor mínimo para sua utilização. Essas medidas desrespeitam o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor e são proibidas pelo Ministério da Fazenda.
Confira outras facilidades enumeradas pelo superintendente da Abecs para quem disponibiliza esse tipo de meio de pagamento.
– Segurança, tanto contra inadimplência quanto contra assaltos. Normalmente, o valor pago com cartão é disponibilizado no primeiro dia útil após a compra na conta da empresa. Assim, o empreendedor não precisa fazer o trajeto até o banco.
– Recebimento. O cartão acaba com o problema de cheques sem fundo e notas falsas.
– Possibilidade de realizar vendas parceladas, o que estimula o aumento do tíquete médio e do faturamento da empresa.
– Fim dos problemas com troco. Se o produto custa R$ 9,99, ao cobrar o valor exato você ainda aumenta a satisfação do consumidor.
– Controle. O cartão oferece controle total dos pagamentos, que vêm detalhados no extrato.
– Praticidade. As vendas se tornam mais rápidas e descomplicadas. O empreendedor não corre o risco de ver o cliente dobrando a esquina ao descobrir que seu estabelecimento não aceita meios eletrônicos de pagamento.
Por Mariana Congo