Receita de sucesso

23 de julho de 2012
Roberto Macedo: empresa inovadora se preocupa com seu impacto social e ambiental

O empresário Roberto Macedo, dono da Armtec Tecnologia em Robótica, diz que a receita de sucesso de um negócio inovador é conhecer as políticas públicas e planejar o futuro, ou seja, o que a empresa estará fazendo daqui a cinco ou 10 anos. Além disso, identificar a demanda do mercado.

“A Armtec consegue visualizar a partir de demandas existentes ou fatores de interesse da política nacional ou da soberania nacional. A gente segue as políticas públicas para o desenvolvimento. Com isso, produzimos todo tipo de equipamento: desde o que gera adubo e combate a incêndio até de avaliação de pavimentos/asfalto e submarinos.”

Roberto Macedo afirma que a empresa não é inovadora apenas por gerar tecnologia demandada pelo mercado, mas porque tem uma visão de beneficiamento da comunidade e preocupação em ter impacto social e ambiental positivo. O resultado disso é reconhecimento. “A Armtec é a instituição privada do País que mais tem Prêmios FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. Quatro primeiros lugares. Temos outros prêmios também: cerca de 25 premiações internacionais e nacionais.”

A participação do Prêmio da FINEP abre muitas portas. Quarenta por cento dos requisitos para participar da premiação já preenche o necessário para fazer um bom projeto em inovação e ser uma ótima empresa. “Se você se sai bem neste prêmio, já tem muitos quesitos para ser uma empresa de sucesso: exportadora, de tecnologia e investe em P&D. A Armtec investe, por exemplo, 30% do faturamento para gerar novas tecnologias.”

O empresário alerta: “para ser um empreendedor inovador é preciso conhecer as leis fiscais e de incentivo à inovação.” Macedo lista algumas legislações fundamentais para quem quer inovar no negócio: Política Nacional de Desenvolvimento; Plano Nacional de Ciência e Tecnologia, Política Nacional de Desenvolvimento Produtivo (PDP); e a antiga Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior.

“Conheça a PDP, lá o Brasil vai dizer quais são os nichos estratégicos ou de interesse de competitividade e de fortalecimento. Ali, é possível saber quais serão as políticas públicas dos próximos três ou quatro anos e como o País estará caminhando.”, destaca Macedo.

Além disso, é possível obter informações interessantes sobre inovação no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), conhecendo o projeto Brasil Três Tempos e lendo sobre a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia. O empresário diz que é bom se cadastrar no Portal Inovação, ler editais e fazer o Empretec, seminário realizado pelo Sebrae para desenvolver, nos participantes, comportamentos empreendedores.

Conversão de impostos
Segundo o empreendedor, por meio das leis de Inovação, do Bem, do Ministério de Educação (MEC) e Geral das Micro e Pequenas Empresa, os empresários descobrem quais são os mecanismos para converter seus impostos em inovação.

As empresas que se adequarem à Lei de Informática, ou seja, que produzirem softwares e equipamentos automatizdos, podem converter o seu Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Por outro lado, a maioria dos estados tem programas de incentivo a empresas que visualizam a interiorização e a inovação. O Ceará tem, por exemplo, o Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI). O desconto que esses fundos dão pode chegar até 75% do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

“As micro e pequenas empresas (MPE) devem aproveitar os incentivos, a depreciação acelerada da Lei do Bem e a conversão de impostos ao máximo.”, ensina o fabricante de robôs.

A Lei do MEC permite que empresas com lucro real convertam a sua Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda (IRPJ) em recursos para fazer pesquisa com universidades. Neste caso, o negócio fica com o direito de comercialização ou de industrialização ou de prestação de serviço. A universidade fica com a patente, gerando conteúdo e conhecimento na academia. Neste tipo de parceria, a empresa acaba investindo pouco para conseguir alta tecnologia, em alguns casos apenas 15% do custo da inovação.

Recursos não reembolsáveis
Para conseguir recursos públicos não reembolsáveis, a empresa precisa justificar que devolverá para os cofres públicos, por meio de impostos, todo o dinheiro liberado. O negócio deve garantir para o governo que dará retorno muito maior do que o investido. Este é o primeiro requisito para conseguir este tipo de ajuda.

Num caso de subvenção para pesquisa, cerca de 25 a 40% do recurso recebido já é devolvido por meio da carga tributária paga na compra de equipamentos, peças e serviços. Com isso, o beneficiado acaba tendo que realmente dar retorno de 60 a 65% da verba investida na empresa.

De acordo com o diretor executivo da Armtec, para conquistar financiamento, o empreendedor precisa escrever um bom plano de negócios e de investimento e apresentar estudo de viabilidade técnica, econômica e comercial. Tudo isso para provar que a ideia é interessante.

Lembra ainda que um bom exercício para construir bons projetos é imaginar um cenário econômico pessimista. “Se conseguir comprovar que a sua empresa e produto são viáveis numa situação difícil, fica subentendido que se o mercado estiver num momento melhor você crescerá mais e sua marca ficará mais forte.”, alerta Roberto.

Por Fernanda Peregrino