Provavelmente, você já leu este título em algum outro artigo. Como na moda, existem tendências na literatura sobre carreiras e administração que vão e vêm. A discussão sobre ser eficiente – fazer uma tarefa com a maior qualidade possível, com planejamento e execução precisa e detalhista -, ou ser eficaz – obter o melhor resultado com menor dispêndio de energia, não necessariamente gastando mais tempo ou prazo para isso -, é um debate com muitas vertentes e há defensores de ambos os lados.
Há alguns anos, em uma aula de administração, o professor contou que seu pai sempre o levava a uma loja de reforma de sapatos e lá havia um cartaz com os seguintes dizeres:
– Serviços com durabilidade
– Serviços com rapidez
– Serviços com bom preço
Você pode escolher até dois destes tipos!
Foi-se o tempo em que um serviço ou era barato ou de qualidade. Você escolhia se queria algo rápido ou bem feito. Se fosse bom, com certeza não seria barato. Este tipo de mentalidade não era apenas adotada na sapataria da esquina, já foi muito comum nas empresas também. Não era difícil a área de negócios ouvir da área de projetos que ou eles fariam algo rápido ou com qualidade. O projeto seria barato ou sairia no prazo – a qualidade e a agilidade sempre andavam separadas.
Em um livro que eu considero muito bom, “Feitas para Durar: Práticas Bem-Sucedidas de Empresas Visionárias” (Editora Rocco), James Collins e Jerry Porras fazem um estudo para identificar quais são as características que ajudam as empresas superarem o desafio do tempo e crescerem continuamente por décadas e até séculos. E uma dessas características apontadas pelos autores é ter a cultura do E ao invés do OU.
No estudo, eles identificaram que empresas visionárias como 3M, HP, IBM, Walt Disney, Sony, entre outras, passaram pelo desafio do tempo abolindo as limitações do OU e aderindo a eficácia do E. Alguns exemplos de pensamentos aparentemente antagônicos nestas empresas eram:
-ter objetivos além dos lucros e buscar continuamente o lucro;
-visão clara e senso de direção e fazer experiências e tentativas oportunistas;
-cultura rigorosa e metodologias rígidas e capacidade de mudar, progredir e se adaptar.
Essa busca da eficácia também pode ser observada em empresas que se destacam hoje em dia. O maior site de buscas da Internet não virou o líder do seu segmento com restrições do tipo: seremos rápidos ou precisos? O sistema deles, de fato, é rápido e preciso. Simples e abrangente. Tem um ótimo produto como a busca e buscam incansavelmente novos produtos e inovações.
O mesmo podemos falar sobre Steve Jobs. Ele não deixou sua área de projetos se restringir ao ou. Um de seus vários produtos de sucesso, o iPod, é ao mesmo tempo simples e completo; bonito eprático; sofisticado e barato (descontando os impostos de importação).
Trazendo essa realidade para a carreira, nós também, muitas vezes, caímos na armadilha de tentar fazer uma coisa ou outra. Fazer um relatório completo, mas demorado, ou um simples, que atende ao “timing” de nosso chefe? Fazer um projeto com qualidade ou com rapidez? Apresentar uma proposta completa ou com bom preço para o meu cliente?
Do mesmo modo com que as empresas lidam com uma concorrência selvagem – de outras que, às vezes, oferecem mais qualidade e melhor preço, nós também corremos o risco de ser superados por alguém trabalhando mais rápido e com mais qualidade.
E então, você vai preferir usar a eficiência do ou, ou a eficácia do e? Vale a pena ser apenas eficiente e fazer uma tarefa perfeita, ou é melhor ser eficaz e fazer a tarefa certa, conjugando qualidade, e prazo, e custo?
Por Luiz Pagnez
Imagem: admabrangente.blogspot.com