Viagem no Tempo – A História da Qualidade

29 de agosto de 2012

Falamos tanto em Qualidade hoje em dia! Na verdade exigimos Qualidade em praticamente tudo: nos produtos, nos serviços, na vida… Sempre foi assim? Bem, não exatamente… Penso que o homem sempre desejou qualidade, mas não sabia. Não acertem seus relógios de precisão suíça agora, pois para onde vamos isso não vai importar. Não mexam em nada, apenas observem…

O conceito de “qualidade”, do latim qualitas, aparece na primeira vez historicamente através do filósofo Aristóteles (384-322 AC), na sua obra “Estudo das Formas Geométricas” (!?). Até hoje não se chegou a um consenso mesmo sobre seu significado, pois qualidade é também um conceito abstrato, varia da percepção de cada um. Vamos beeeem para a frente agora: Início do século XX, década de 20.

Foi quando começou a produção em massa, e junto com ela os problemas em massa sobre qualidade. Como manter ou assegurar que os produtos fossem sempre adequados e de qualidade igual? Simples: alguém tem de conferir se o produto está bom ou não antes de que seja passado adiante. Esse cara é o Inspetor de Qualidade, figurinha fácil em 11 entre 10 linhas de produção nessa época, que foi a primeira fase da Qualidade. Praticamente não existia Departamento de Qualidade, mas muitos inspetores. O resultado era bom? Nem sempre. Passavam muitos defeitos que só eram descobertos pelo cliente, muito chato isso, né? Mas vamos em frente que o tempo é curto!

A segunda fase da Qualidade não demorou a entrar em cena. Ainda na década de vinte Shewart percebeu que quem gerava a qualidade não eram os inspetores, mas o processo produtivo!… Aplicando técnicas de estatística sobre o processo (CEP), com técnicas de amostragem (de Dodge e Roming), aparecia o Controle de Qualidade. Estudos, correções, mudanças… e os processos foram melhorando e a qualidade melhorava por tabela, mas nem tanto assim.

Até a década de 40 não mudou muita coisa, aí tivemos a Segunda Grande Guerra, a indústria bélica precisava de produtos com MUITA Qualidade. Já pensou, o cara lá no meio da trincheira, puxa a trava de uma granada e… ela não sai, trava! Fazer o quê? Ligar para o SAC? (isso nem existia ainda, acho).

A ênfase nessa época era em treinamento: fazer bem o serviço, montar bem os mísseis, tanques, a bomba atômica… Alguma coisa boa tinha que acontecer nessa fase ruim da história da humanidade. E pelo menos na história da Qualidade aconteceu. Deming popularizou o PDCA (criado por Shewart), que ficou conhecido então como Ciclo de Deming,uma idéia genial que trazia de brinde, tipo Kinder Ovo, o conceito de melhoria contínua!

Na década de 50 entramos na próxima fase da Qualidade, a da Garantia da Qualidade. Juran e Deming levam ao Japão os conceitos do CEP. Surge em cena outro grande gênio da Qualidade: Ishikawa (o da espinha-de-peixe). Daí em diante a Qualidade não seria nunca mais a mesma!… Os conceitos americanos e os japoneses sobre o tema acabaram criando a Qualidade que conheceríamos até a década de 80!

Aqui, chegamos no que eu chamaria de “Era das Normas”, mas pode chamar de Fase da Gestão da Qualidade. Com base na norma inglesa BS (British Standard)-5750, vieram as normas da família ISO 9000. A ISO (International Organization fo Standardization) foi fundada em 1947 em Genebra, Suíça, mas só em 79 é que criaram o Comitê TC-176, responsável exclusivamente por Qualidade…

Daí em diante vocês já conhecem o resto da história: veio a série ISO 9000:1994, a versão 2000, a 2008 que é a atual, estamos indo para a versão 2015… Mas essa é outra viagem.

Por Ronaldo Costa Rodrigues  |  Publicado em: 15/08/2012, no site: www.qualidadebrasil.com.br
Imagem: solucoesufv.com.br