Vendas de carros no Brasil têm recorde: 420 mil

4 de setembro de 2012

O temor de que o governo pusesse fim à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que foi prorrogada por mais dois meses, fez as vendas de carros dispararem em agosto. Com um salto de 15,3% sobre julho, que já tinha sido um bom mês, com 364,2 mil unidades vendidas, o comércio de veículos no mês passado alcançaram o total de 420.080 (incluindo automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões), nova marca histórica do setor. O recorde anterior era dezembro de 2010, com 381,6 mil unidades comercializadas. Em comparação a agosto de 2011, as vendas do mês passado foram 28% maiores.

Se considerados somente automóveis e comerciais leves, o segmento mais beneficiado pelos descontos e isenção do IPI pelo governo, foram 405 mil unidades vendidas, também o maior volume para um único mês nos 55 anos de história da indústria automobilística no Brasil. A média de vendas diárias também subiu, passando de 16 mil em julho para cerca de 18 mil em agosto.

Assim, nos oito primeiros meses do ano o total de veículos vendidos no país já soma 2.501.430 unidades, volume 5,5% acima do total vendido em igual período de 2011.

Segundo uma fonte da indústria, o corte do IPI não só neutralizou a queda das vendas — que até maio haviam recuado 4,8% sobre os cinco primeiros meses de 2011 — como deve garantir mais um ano de expansão do mercado automotivo brasileiro. A alta ficaria próxima da previsão inicial da entidade, da ordem de 4% a 5%, ou cerca de 4 milhões de unidades vendidas.

— A expectativa é que o mercado mantenha esse ritmo dinâmico das vendas, mas abaixo da base de agosto — disse a fonte.

Economista: volume não se sustenta

Para o economista e consultor de varejo automotivo Ayrton Fontes, o recorde histórico de vendas em agosto deveu-se exclusivamente à antecipação de compra de mais de cem mil veículos, motivada pelo temor dos consumidores de perderem o benefício de um IPI menor. Para ele, esse nível de vendas não se sustenta e deverá ser “descontado” nos meses de setembro e outubro. As fortes campanhas publicitárias nos meios de comunicação, enfatizando a perspectiva de o governo de acabar com o benefício do IPI, também ajudaram na decisão de antecipar as compras do carro novo.

— Esse volume de vendas não se sustenta nos próximos meses, em que as vendas podem ficar abaixo dos 300 mil veículos. O consumidor está endividado, o crédito já não é mais o mesmo, e os prazos mais longos, apesar de existirem no papel, estão muito limitados — avalia Fontes.

O economista prevê que o crescimento anual das vendas do setor não deve passar de 2%.

— O que é um bom resultado. Se não houvesse esse benefício do IPI, o setor fecharia no negativo — completou Fontes.

Fonte: O Globo – Economia
Imagem: Google