Endividamento elevado no Brasil pode ser um problema para a economia

10 de setembro de 2012

Estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) revela que o comprometimento de renda no Brasil para pagamento de dívidas cresceu rapidamente nos últimos anos e está no patamar mais elevado da história.

Com esse aumento, a parcela mensal dos salários das pessoas físicas e da receita das empresas destinada ao pagamento de empréstimos já é comparável à de países que estão no olho do furacão da crise financeira, como a Itália.

Segundo o BIS, 19,9% da renda no Brasil é usada para pagar dívidas, em linha com a fatia da renda canalizada para pagamento de passivos nos Estados Unidos, de 19,8%. Para o BIS, o elevado nível de endividamento no Brasil e outras economias emergentes pode ser um problema.

“A fração do PIB (Produto Interno Bruto) que famílias e empresas no Brasil, na China, Índia e Turquia alocam no pagamento do serviço da dívida está no mais alto patamar desde o fim dos anos 1990 ou perto disso”, alerta o relatório anual do BIS. O documento ressalta que o indicador “pode ser mais alto” caso as taxas de juros passem dos atuais níveis baixos para patamares elevados.

Nos últimos anos de forte expansão do crédito, o comprometimento da renda cresceu a passos largos no Brasil. Pelo conceito usado pelo BIS, a chamada taxa do serviço da dívida de empresas e consumidores (DSR, na sigla em inglês) saltou rapidamente no país. Do patamar de 10,8% no fim de 2005, escalou expressivamente ao longo dos anos seguintes: 12% no fim de 2006, 14% em 2007, 16% em 2008, 17,5% em 2010 e quase 20% no dado mais recente.

Ao mesmo tempo, o indicador nos Estados Unidos recuou. Para o analista de crédito da LCA Consultores, Wermeson Oliveira, o comprometimento dos salários no Brasil com dívidas pode ser um dos obstáculos à reação da economia.

Fonte: Diário Regional