Classes D e E sustentam crescimento do consumo no Nordeste

14 de setembro de 2012

Com mais dinheiro no bolso, em função das transferências de renda, aumento real do salário mínimo e acesso ao crédito, os consumidores das classes D e E estão experimentando novos produtos

A população das classes D e E domina o crescimento do consumo no Nordeste. Enquanto as empresas brasileiras miram o potencial da classe C, a região apresenta uma configuração diferente. A faixa de renda DE representa 64% dos domicílios nordestinos e 67% do consumo. Com o aumento do poder aquisitivo, essas famílias passaram a consumir mais, a experimentar novas categorias de produtos e a frequentar diferentes canais de vendas. A constatação está na 3ª edição do Evento a Clientes Nielsen Nordeste, realizado [nesta quinta-feira, 13]  na Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe).

Na análise feita entre julho de 2011 e junho de 2012, as vendas de 133 categorias de produtos na região cresceram 0,6%. Apesar do tímido desempenho, o resultado foi superior ao do Brasil (0,2%). “Observamos que o crescimento do consumo ocorre de forma moderada, mas ainda em ritmo superior ao restante do País. E as classes D e E exercem papel chave nesse cenário”, reforça o diretor comercial da Nielsen, Mário Ruggiero, que apresentou o trabalho “Nordeste: democratização do consumo e a criação de valor”.

A análise também aponta para uma nova geografia do consumo, que sai da rota das metrópoles e avança nas pequenas e médias cidades. O estudo mostra que o crescimento do consumo (em valor) registrou taxa de 4% nos grandes municípios, contra 12% dos médios e 10% dos pequenos. A migração também acontece em direção ao interior. Em Pernambuco, cidades como Caruaru, Garanhuns e Petrolina se destacam.

EXPERIMENTAÇÃO – Com mais dinheiro no bolso, em função das transferências de renda, aumento real do salário mínimo e acesso ao crédito, os consumidores das classes D e E estão experimentando novos produtos. A análise da Nielsen identificou que as chamadas categorias de acesso (aquelas que não faziam parte da cesta de produtos) começaram a entrar no carrinho de compras. Na lista aparecem barras de cereal, fio dental e pós-xampu (condicionadores, cremes para pentear, reparadores de ponta).

O fenômeno de agregação de valor também vale para as categorias maduras (aquelas tradicionais na feira). Na prática é o seguinte: quem comprava um sabonete comum, agora quer um antibactericida ou um sabonete líquido. O consumidor que levava pra casa um iogurte, decide experimentar um funcional. E o tradicional sabão em pó vai sendo substituído pela versão líquida. As compras nessa categoria cresceram 66% entre as classes D e E.
Embalagens e preço reforçam sua influência na decisão de compra dos produtos. “Nas categorias de acesso, uma tendência é o consumo de embalagens menores para experimentar. Já em outras categorias, como a de fraldas, as embalagens grandes acabam barateando a unidade do produto. Hoje, já é possível encontrar pacotes com até 120 fraldas”, destaca.

Fonte: NE10 – Jornal do Commercio
Imagem: Google