Mercado procura profissionais e oferece bons salários, mas exige que eles tenham uma infinidade de características técnicas e comportamentais
No mercado digital, há vagas de sobra e os salários — que maravilha — estão bem inflacionados. Cenário perfeito para quem quer fazer uma carreira de ascensão rápida, sem precisar se matar de trabalhar e ainda com excelente retorno financeiro. Certo? Nem tanto. Que há vagas ninguém contesta. Que os salários estão acima do que manda o bom senso também não. No entanto, quem quiser se candidatar a um desses postos pode se preparar para uma prova de fogo. As exigências das agências com seus profissionais também estão — se é que podemos usar essa palavra – um tanto “inflacionadas”, principalmente no que diz respeito a competências comportamentais. Atualmente, ser bom tecnicamente é um detalhe remediável.
Mapa das oportunidades
Para saber quem são os profissionais que agências e empresas estão procurando desesperadamente, a Associação Brasileira das Agências Digitais (Abradi) conduziu um levantamento exclusivo para ProXXIma dos cargos que elas não conseguem preencher e das características que mais buscam nos profissionais. Foram ouvidas cerca de 150 empresas.
Os cargos mais difíceis de preencher: No total de 16 cargos, nove foram citados por 20 agências ou mais
Para Jonatas Abbott, presidente da Abradi e sócio-diretor executivo da Dinamize, o levantamento ilustra bem o momento de crescimento do mercado
digital brasileiro e o problema crônico de formação no Brasil. “Na prática, a grande queixa das agências é que elas acabam formando o profissional dentro de casa, mas com frequência o perdem para um concorrente”, diz ele.
Disputados e bem pagos
Essa disputa por profissionais, claro, aquece o mercado e faz com que eles sejam cada vez mais valorizados, tendo mérito ou não para isso. O cargo de programador sênior, por exemplo, foi valorizado 30% em um ano, segundo Jonatas. “O profissional de atendimento de uma hora para outra teve aumento de 40% e o diretor de mídia, de 50%”, ressalta. Qual a explicação? “A formação na área de mídia, por exemplo, é escassa e a procura por este tipo de profissional, comum nas agências de propaganda, aumentou em mais de 80% no mercado digital brasileiro.”
Além disso, é comum Jonatas ouvir de agências e empresas de tecnologia no Brasil que faltam bons comerciais, o segundo cargo mais apontado no ranking. “Há dois problemas aí: um na histórica carência de formação comercial no Brasil, onde ‘ vendedor’ é um termo pejorativo e não uma profissão, e outro na falta de conhecimento da área pelos empreendedores de tecnologia”, diz ele. “O resultado é que os donos das agências são os vendedores da empresa e agem muito mais por reação do que por prospecção.”
Por Fernanda Bottoni
Disponíivel em: http://www.proxxima.com.br