Gastar menos do que ganha, evitar pagar contas em atraso, olhar taxas de juro, poupar, investir… Na teoria, falar de planejamento financeiro é bem fácil. No entanto, na prática nem sempre é assim.
Apesar de comprometido em elaborar um orçamento que pudesse ajudá-lo a entender melhor os seus gastos e, eventualmente, auxiliar no equilíbrio das contas, o jornalista Fernando Borri, de 22 anos, passou a organizar o seu orçamento com um planejamento financeiro em meados do ano passado. Apesar de colocar tudo no papel, as contas nunca fecham no final do mês.
“O planejamento não funciona por minha causa mesmo”, se culpa Borri. “Preciso aprender a controlar melhor os gastos e a diferenciar vontades de necessidades”, completa.
O analista de sistemas Rubens Yokomizo, de 29 anos, sente a mesma dificuldade em planejar as finanças e culpa, principalmente, o consumismo exagerado e as compras sem planejamento. “Acredito que muitos dos meus erros sejam fruto do consumismo e do imediatismo em adquirir um produto sem planejamento. Isso deve afetar diretamente minhas contas”.
Não planejar compras e não controlar gastos são, de fato, algumas das causas do fracasso de um planejamento financeiro. Mas, se eles sabem exatamente onde está o problema, por que não conseguem corrigir o erro e rever os hábitos em prol da saúde financeira?
Razão x Emoção
De acordo com Tahira Hira, especialista em finanças pessoais e professora da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, apesar de ser correto afirmar que, quanto mais sabemos sobre determinado assunto, melhores são as nossas decisões a respeito, quando se trata de dinheiro, muitas pessoas não usam todo o conhecimento para conter determinados comportamentos. “Muitas forças sociais e psicológicas influenciam nossas atitudes e muitas decisões são tomadas sob essas influências”, revela.
A psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira, autora de livros como “A Cabeça do Investidor” e “Psicologia Econômica – estudo do comportamento econômico e da tomada de decisão”, completa afirmando que a decisão de planejar é baseada na razão, mas o que interfere no dia a dia da organização das finanças é a emoção.
“O planejamento é feito pelo lado racional, mas o que interfere é o lado emocional, o lado impulsivo, de fazer as coisas sem pensar”, argumenta. “O planejamento financeiro é furado pelas ações do momento, impulsivas, que enxergam outro pedaço da situação, da realidade, do quadro. Assim, fica muito fácil esquecer qualquer tipo de planejamento feito anteriormente”, finaliza.
Segundo a psicanalista, o planejamento é baseado no longo prazo, enquanto as “furadas” têm como objetivo o curto prazo. “E como a gente está sempre presente no curto prazo, porque é agora que a vida acontece, a probabilidade de fazer coisas que contemplem o curto prazo sempre é maior”, explica. “Assim, se a pessoa conseguisse perceber a diferença dos prazos e das necessidades, respirasse fundo antes de tomar qualquer atitude e mirasse no futuro, conseguiria conter ações impulsivas”, ensina. “Mas isso é difícil, são poucas as pessoas que conseguem”, pondera.
Por outro lado, segundo o especialista em economia comportamental Dan Ariely, autor dos livros “Previsivelmente irracional” e “O lado bom da irracionalidade”, é possível usar a emoção sem destruir o orçamento. “Apesar de a emoção levar, normalmente, a ações impensadas quando o assunto é planejamento financeiro, ela tem o lado bom de colocar a pessoa para imaginar o futuro, o que pode motivar ações mais planejadas”, opina. Segundo ele, essa é uma maneira de usar o lado racional e o emocional juntos em prol do planejamento.
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Fonte: InfoMoney/http://br.financas.yahoo.com