Logística Reversa, Meio Ambiente e Marketing

22 de outubro de 2012

Por Joana d’Arc Bicalho Félix*

Gestores de marcas estudam cada vez mais a logística, o que inclui cuidados como redução e reuso na cadeia direta de produção e distribuição, bem como reciclagem e estabelecimento de novos canais na logística reversa, seja para mercados primários ou secundários. A proposta é minimizar o uso de recursos naturais nos processos, procedimentos e descartes, capitalizando em ganhos de comunicação, marketing e imagem de marca.

Vivemos num momento em que não somente o consumo inconsciente e desenfreado é enfaticamente estimulado pela Publicidade e pelo Marketing como, também, em que embalagens ricas em sofisticação acabam por serem consideradas produtos. Compra-se não mais o conteúdo, mas a roupagem que o mesmo carrega. A indústria da embalagem movimenta mais de 500 bilhões de dólares por ano no mundo e exerce influência fundamental nas decisões de compra dos consumidores.

A criação de embalagens descartáveis, com designs que bem vendem o produto, mas comprometem a conservação do ambiente natural, é exemplo de atividade publicitária que exige mudança. De um lado os insumos naturais utilizados no processo de fabricação podem representar danos ao meio ambiente. De outro, os resíduos gerados na linha de produção, ou mesmo o longo ciclo de vida da embalagem, de difícil degeneração, devolve para a natureza elementos comprometedores.

Os milhares de carrinhos de compras que atravessam, diariamente, os guichês do caixa do supermercado são abarrotados de lixo. Separando-se os conteúdos dos produtos de suas embalagens, percebe-se que as embalagens, representam significativo percentual no volume no total de cada carrinho.

Somente no estado de São Paulo, mais de 20 mil toneladas de resíduos domiciliares são geradas diariamente sendo, grande parte, depositadas a céu aberto, em condições inadequadas. O mundo produz dez montanhas do tamanho do Pão de Açucar –RJ de lixo domiciliar, por dia.

O volume de produção de Publicidade e Propaganda impressa, em todo o mundo, é muito grande. A conscientização quanto à utilização de insumos ambientalmente corretos, ou mesmo de materiais reciclados nas linhas de criação e produção deve ser urgentemente incluída na pauta de todos os comunicólogos.

As áreas de Publicidade e Propaganda, do Jornalismo bem como a do Marketing podem vir a ser grandes contribuintes na conservação do meio ambiente. Necessário faz-se, porém, incluir a análise do custo ambiental no levantamento do custo X benefício de uma idéia criativa, bem como nos Planos de Comunicação e Marketing.

Cabe às empresas orientar, estimular e criar canais reversos para devolução dos subprodutos por parte dos consumidores, levando os mesmos a mercados secundários onde se tornarão matéria-prima para novos produtos, ou retornando às indústrias para desmanche, reciclagem e produção de novas embalagens.

*Joana Bicalho é consultora de marketing, responsabilidade social empresarial e gestão ambiental. joanabicalho@empresaresponsavel.com