Carro novo: economistas recomendam parcelas de no máximo 30% da renda

24 de outubro de 2012

Pesquisa encomendada pelo SPC Brasil revela que sete em cada dez consumidores que pagam financiamento de carros também acumulam outras dívidas no cartão

As concessionárias de todo país esperam nesta semana uma corrida dos consumidores para fechar negócio e aproveitar os últimos nove dias de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros. Com opções de pagamento de até 60 meses e sem entrada, o brasileiro precisa ter cautela e planejamento para aproveitar o desconto e não assumir mais dívidas do que o orçamento lhe permite. Pesquisa recente encomendada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) revela exatamente este cenário: sete em cada dez brasileiros que pagam financiamento de carros também acumulam outras dívidas com compras parceladas no cartão de crédito.

Para não perder o controle financeiro e estourar as contas, os economistas do SPC Brasil aconselham que as famílias não comprometam mais do que 30% do orçamento com prestações e gastos decorrentes destas compras. Na prática, em um lar cuja renda seja de R$ 2,2 mil, a prestação de um carro zero mais custos decorrentes do uso do automóvel (combustível, manutenção, impostos e seguro) não deve ser superior a R$ 660.

As informações extraídas da pesquisa revelam que o brasileiro, de modo geral, na hora tomar crédito, analisa somente se a prestação assumida cabe dentro do próprio orçamento. “Mas ele [consumidor] deveria fazer uma análise do impacto desta prestação na própria vida financeira, caso ocorra algum imprevisto, como por exemplo, ficar desempregado”, aconselha Nelson Barrizzelli, economista do SPC Brasil.

Eletrodomésticos da linha branca

O estudo também aponta que cinco em cada dez compras de eletrodomésticos, outro segmento beneficiado pela redução do IPI, são parceladas no cartão de crédito. Essas vendas a prazo podem ser feitas com ou sem juros, mas na maioria dos casos, o consumidor não sabe o quanto está pagando pelos encargos financeiros:

Na avaliação da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o atual cenário econômico é de nítido estímulo ao consumo por meio da expansão da oferta de crédito, da redução das taxas de juros e dos altos níveis de emprego que o país vivencia. “As pessoas, principalmente as de menor renda, estão tendo acesso a bens que anteriormente não teriam como comprar caso tivessem que fazer pagamentos à vista. Por outro lado, a ânsia de consumir deve ser dosada com planejamento financeiro”, diz o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Jr.

Os prestadores de serviço de proteção ao crédito têm alertado tanto varejistas como consumidores de que o uso correto do crédito é um poderoso instrumento para auxiliar o desenvolvimento do país e trazer mais bem estar para as famílias. “Mas tomar empréstimo sem capacidade para avaliar as consequências pode levar um país a crises como a que ocorreu em 2008, nos Estados Unidos. Anos antes do estouro imobiliário, quem ofereceu crédito para quem não podia tomá-lo, agiu de forma irresponsável uma vez que sabia estar lidando com tomadores de alto risco. As consequências repercutiram em todo mundo”, avalia Barrizzelli.

Fonte: CNDL