Retrospectiva 2012: ano foi marcado por corte de juros e ampliação do crédito

5 de dezembro de 2012

Taxa básica da economia saiu de 11% ao ano em janeiro e encerra 2012 em 7,25% ao ano; redução gerou alterações nas regras de remuneração das cadernetas de poupança

O ano de 2012 foi marcado por mudanças importantes na condução da economia. De forma geral, várias medidas adotadas pelo Governo Federal tiveram como foco a tentativa de blindar o País contra os efeitos da desaceleração da economia na Europa, nos Estados Unidos e na China, os principais parceiros comerciais do Brasil. Redução de juros e de impostos em setores específicos tinham como alvo o segmento produtivo e estimular os consumidores para tentar manter uma trajetória satisfatória de crescimento.

Sob essa perspectiva o Banco Central iniciou o ano mantendo a estratégia iniciada em agosto do ano anterior, reduzindo a taxa básica de juros da economia, a Selic, em praticamente todas as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com exceção no última encontro de 2012, onde a taxa foi mantida no patamar de 7,25% ao ano . Dessa forma, o ano que começou com os juros em 11% ao ano acabou entrando para a história como o período com a menor taxa já praticada no País.

Taxa Selic

Essa forte redução dos juros pelo governo gerou outras duas frentes: a mudança nas regras que determinam a remuneração das cadernetas de poupança e a pressão, via bancos públicos como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, para que as instituições financeiras privadas reduzissem as taxas de juros nos empréstimos, principalmente para pessoas físicas.

Diante desse cenário de queda de juros desenhado pelos bancos públicos, as instituições financeiras privadas foram obrigadas a apertar os cintos e se esforçar para melhorar a eficiência e, assim, manter seus clientes e seus lucros. Essa busca por mais eficiência é um processo ainda em implantação e passa pela mudança de cultura na gestão dos bancos

Quem saiu ganhando com a queda-de-braço pela redução do spread bancário, que é a diferença entre os juros que os bancos pagam para tomar recursos e o que cobram ao emprestar aos clientes, no Brasil foram os clientes dos bancos. Agora os clientes podem aproveitar a chamada portabilidade salarial para obter juros menores na compra de imóveis, por exemplo, ou ter melhores condições em empréstimos caso optem pela migração da dívida a outra instituição financeira. No entanto, é preciso abrir os olhos para identificar eventuais aumentos nas tarifas bancárias, um recurso ao qual os bancos podem recorrer para tentar manter suas margens de lucros.

Cadastro positivo

Em outubro o governo publicou no Diário Oficial o decreto que estabelece as regras que permitem a classificação de consumidores a partir de sua capacidade de pagamento de dívida, conhecido como cadastro positivo .

Essa foi mais um medida, que veio em paralelo com a redução dos juros, e também abre caminho para que as empresas que gerenciam os cadastros de crédito no País passem a criar históricos de pagamentos feitos por consumidores.

A regulamentação do cadastro positivo coincide com a pressão feita pelo governo para que bancos reduzam os juros cobrados de clientes após o corte do juro básico para a mínima histórica de 7,25% ao ano. O principal benefício com a medida é que as instituições que concedem crédito poderão cobrar menos dos melhores clientes e mais dos piores

A expectativa das autoridades e do mercado financeiro é que após uma difusão mais ampla do cadastro positivo, o mecanismo funcione como um incentivo para reduzir ou evitar a inadimplência.

Fonte: IG – Economia