O comércio mantém-se forte graças às classes D/E

17 de janeiro de 2013

Em novembro de 2012, o crescimento do comércio varejista apresentou recuo de 0,8% em volume, ante 1,2% em outubro. E, se levarmos em conta o comércio ampliado, que inclui também veículos e material de construção, o recuo foi ainda mais sensível, passando de 4,6% para 0,1%.

Considerando que novembro é geralmente um mês de grande aumento do consumo das famílias – com a utilização de uma parcela do 13.º salário -, o fato não deixou de surpreender. Pode-se pensar que as vendas foram em parte realizadas em outubro, para fugir dos efeitos de uma taxa cambial mais elevada. Porém houve uma mudança no perfil dos compradores: como na estatística de comércio a alimentação tem grande peso, o saldo é influenciado pelas compras das classes D e E, enquanto as compras de outros bens são adiadas, dando a impressão de que o comércio sofreu uma redução.

No setor de alimentação e bebidas, é importante notar que as vendas dos supermercados foram bastante altas em novembro, com crescimento de 0,9%. Mas também em certos setores o volume de vendas foi elevado, refletindo já as compras natalinas. Por exemplo, no setor têxtil e de vestuário, as vendas aumentaram em volume 1,5% em outubro e 2,4% no mês seguinte; e em equipamentos de informática, 17,7% em outubro e 11,4% em novembro (a redução se explica pelo grande aumento do mês anterior, mas o resultado final fica acima do normal). No comércio de bens pessoais e domésticos, registrou-se crescimento de 4,2%, ante 4,1% no mês anterior.

Parece difícil falar de um recuo generalizado do varejo quando, no acumulado do ano, o aumento foi de 12,5% e, no caso do comércio ampliado, de 9,7%. O que se verifica é que os incentivos do governo para veículos, material de construção e linha branca tiveram uma resposta positiva – apenas notando que, na ausência de incentivos, as vendas caem imediatamente.

Ou seja, devemos apenas lamentar que esses incentivos sejam pontuais quando evidenciam que a carga tributária é de tal modo elevada que sua redução, na totalidade dos produtos, teria um efeito positivo para todos os bens comerciáveis.

O importante é notar que a política de redução das diferenças de renda entre as classes tem efeito sobre o comércio e que a redução da pobreza absoluta no Brasil dá certa segurança ao setor de alimentação e, em particular, aos supermercados. Isso, aliás, explica a presença elevada do capital estrangeiro neste ramo, que domina de longe os outros em volume de vendas.

Fonte: O Estado de São Paulo