Os bancos públicos reduziram em até 45% os juros do cheque especial para cliente pessoa física em um ano. Mas, diferentemente do que tem ocorrido com outras linhas de crédito, as instituições privadas não acompanharam esse recuo.
Santander, Itaú Unibanco, HSBC e Bradesco são os quatro maiores bancos que atendem os consumidores. Em um ano encerrado no dia 9, apresentaram, no máximo, queda de 5% nos juros médios para quem usa o limite da conta-corrente.
Na avaliação do professor de Economia da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlo Honorato, os passos do governo (de incentivar a redução de juros), no caso do cheque especial, ainda não são o suficiente para estimular verdadeira competição no segmento, o que resulta decréscimos quase mínimos nas instituições privadas.
“Sem contar que foi nítido que os bancos públicos perderam rentabilidade com as suas reduções de juros”, destacou Honorato, argumentando que este não é um caminho que os privados pretendem seguir.
Números
Segundo informações do BC (Banco Central), a Caixa Econômica Federal foi a campeã em diminuição de juros no cheque especial entre os seis maiores bancos que atendem pessoa física.
Entre os dias 3 e 9 de janeiro de 2012, a instituição financeira pública cobrava, em média, 7,9% ao mês pela linha de crédito. Um ano após esse período, a taxa caiu para 4,27% ao mês, decréscimo de 45,9%. Por nota, o diretor executivo de pessoa física da Caixa, Édilo Ricardo Valadares, afirmou que o banco teve o intuito de “promover a democratização do acesso ao crédito para as famílias brasileiras, reafirmando seu posicionamento de instituição financeira que oferece as melhores condições de crédito”.
O BB (Banco do Brasil), público e com ações negociadas na Bolsa de Valores, também foi na mesma esteira compactando o custo do seu ‘crédito para quem entra no vermelho’ em 38%, no mesmo período.
No começo de 2012, a empresa financeira cobrava 8,73% ao mês. Neste ano, o percentual recuou para 5,36%. O BB não tinha porta-voz disponível, ontem, para comentar as reduções mais drásticas em relação à concorrência.
Mesmo com as quedas expressivas, Honorato destacou que o preço da modalidade está entre as mais caras para os consumidores. Um financiamento de veículo, por exemplo, custa em média 2% ao mês. Isso ocorre principalmente porque o cheque especial é um crédito de fácil acesso. Tão fácil que, segundo o BC, ele é responsável todos os meses, em média, por 33% das concessões de empréstimos para pessoa física.
Mesmo assim
O Santander é o banco privado com o cheque especial mais caro entre os seis maiores, segundo informações do BC. Na relação entre os primeiros dias de 2012 e 2013, a instituição reduziu 2,7% dos juros do especial, passando de 10,33% ao mês para 10,05%. Mas se justificou afirmando, por nota, que “busca praticar as taxas mais competitivas do mercado, assim oferece dez dias sem juros no cheque especial e, caso o cliente ultrapasse esse período, o orientamos a parcelar o saldo devedor pela metade do juros”.
Os outros três privados apresentaram reduções, sendo que a maior foi de 5%. Porém, os juros são quase o dobro do que os bancos públicos cobram, como é o caso do Itaú Unibanco, com 8,36% ao mês, menor taxa do trio. Itaú, HSBC e Bradesco não responderam até o fechamento desta edição.
Fonte: Diário do Grande ABC