Brasileiros são conservadores na hora de realizar investimentos

25 de janeiro de 2013

Hábitos de consumo, porém, são arriscados. História econômica do Brasil explica comportamento

Poupança rende pouco no Brasil com juros baixos e inflação alta, mas nem assim mudaram os hábitos de guardar dinheiro. Pesquisa indica que os brasileiros estão entre os mais conservadores na hora de investir em busca de uma renda.

A poupança passou a render menos, e as aplicações em renda fixa também. 2012 era para ter sido o ano da bolsa de valores, mas não foi. Um estudo da Economática mostrou que 59,5% dos investimentos dos brasileiros foram para os títulos públicos.

Medo é conservadorismo no vocabulário de finanças e estamos mesmo entre os povos mais conservadores do mundo quando o assunto é guardar dinheiro para o futuro, o que faz todo sentido quando a gente olha para a história econômica do Brasil.

A geração que tem hoje entre 25 e 40 anos e que, pela idade, estaria mais propensa a arriscar, cresceu ouvindo falar em crises, hiperinflação e planos econômicos. Aprendeu com os pais a amar a segurança e fugir do risco.

Não somos tão prudentes, no entanto, na hora de gastar dinheiro. “Um exemplo é o cheque especial e o cartão de crédito, que ultrapassam, muitos casos, 200% ao ano, e são os instrumentos mais usados de crédito. A lógica ou o medo que serve para investir não é o mesmo para captar dinheiro ou se financiar”, diz Samy Dana, economista da FGV-SP.

É uma contradição universal. A economia clássica criou um teste que mostra como muda o comportamento humano diante da possibilidade de ganhar ou perder dinheiro.

Você escolhe R$ 10 mil certos ou tenta a sorte, com 90% de chance de não ganhar nada e 10% de chance de ganhar R$ 100 mil? A maioria não arrisca. Você escolhe pagar R$ 10 mil ou joga, com 90% de chance de não pagar nada e 10% de chance de pagar R$ 100 mil? A maioria arrisca.

A conclusão é que somos conservadores na hora de ganhar dinheiro e arrojados na hora de perder, mas dá para agir de forma mais racional, afirma o economista. Só temos medo daquilo que não conhecemos.

“Uma das formas é conhecer melhor os instrumentos financeiros. Infelizmente, no Ensino Fundamental e Médio, não tem sequer uma disciplina de finanças ou economia, e muitos que ainda vão para o terceiro grau, para o Ensino Superior, também não têm”, afirma Dana.

Fonte: G1 – Jornal da Globo