Quando questionado sobre o que uma pessoa normal deveria ser capaz de fazer bem, Freud teria dito: “Lieben und arbeiten” – “amar e trabalhar”. Na sua crença, a conjunção trabalho e família é o que permite um funcionamento psicológico sadio, desempenhando um papel de fundamental importância no senso de identidade e autoestima, capaz de vincular o indivíduo ao sentimento de felicidade.
Por configurar para muitos a sobrevivência, o trabalho torna-se a base de definição da vida pela representação da missão de cada um. Nesses novos tempos a condição profissional oferece a possibilidade de transformar sentimentos em realidade e integrar pessoas com objetivos convergentes e crenças concretas para visualizar no trabalho não só um meio de vida, mas também um novo sentido de existência.
Mas, por que os profissionais estão cada vez menos motivados com o trabalho que executam?
Uma pesquisa da consultoria multinacional de recursos humanos Right Management aponta que 48% dos brasileiros estão insatisfeitos com o trabalho. Como conseguir identificar um sentido que torne satisfatória as rotinas de trabalho e faça valer à pena os esforços envidados na construção da trajetória profissional?
Ansiedade, intolerância, nervosismo constante e angústia levam muitos profissionais à infelicidade crônica responsável pelo afastamento e até mesmo desligamento do trabalho em decorrência de quadros depressivos. Alguns fatores surgem como causadores desse estado: salários não condizentes com o volume de trabalho, pressão constante, pouco desafio e falta de mentoria estão entre as queixas mais frequentes.
Partindo da premissa de que a felicidade é relativa à percepção de cada um do que lhe cabe como medida, as pessoas precisam, prioritariamente, saber quem são para descobrirem o que, de fato, querem e fazer a relação custo-benefício que as aproxime das suas próprias decisões. A clássica equação do “quem eu sou” e “o que quero realizar”, para então chegar à definição do “o que me motiva” e seguir na direção do que faz feliz.
Nos processos de coaching percebe-se nitidamente um movimento de terceirização do problema. Uma vez que o profissional, sob os efeitos colaterais da infelicidade crônica, não se sente preparado para fazer escolhas que o leve a novas direções, alguém terá de assumir o papel de algoz, justificando sua posição de refém.
E não acreditando-se responsável isenta-se do compromisso de buscar por si a solução do problema e cega-se frente a novas perspectivas. Já não pode dizer-se dono de si, pois não sustenta nas mãos as rédeas do próprio destino.
Por julgar oportuna a reflexão à luz da sabedoria de Goethe:
“Antes do compromisso, há hesitação e oportunidade de recuar, uma ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa há uma verdade elementar cujo desconhecimento destrói muitas ideias e planos esplêndidos.
No momento em que nos comprometemos de fato, a providência também age.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar, coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos emana da decisão, fazendo vir em nosso favor todo tipo de encontros, de incidentes e de apoio material imprevistos, que ninguém poderia sonhar que surgiriam em seu caminho.
Começa tudo o que possas fazer, ou que sonhas fazer.
A ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia.”
Waleska Farias – coaching, gestão de carreira e imagem.
Imagem: www.acieg.com.br