São Paulo – Se você já saiu dos seus vinte e poucos anos e ainda não começou a pensar na aposentadoria, é bom não esperar mais. Com a queda na taxa básica de juros e a inflação alta, que é um problema estrutural do país, multiplicar o patrimônio em aplicações financeiras ficou ainda mais difícil. Além disso, a Previdência Social pode deixar ainda mais a desejar no futuro, e a expectativa de vida do brasileiro não para de crescer.
Veja a seguir o que fazer e onde investir se você deseja começar agora a acumular recursos para a sua aposentadoria, se você está na faixa dos 30, dos 40 ou dos 50 anos:
Primeiro passo: conheça o novo cenário econômico
Taxa de juros, inflação e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), entre outros conceitos macroeconômicos, podem parecer descolados do seu dia a dia, mas isso não é verdade. Se antes a taxa de juros básica (Selic) era alta o suficiente para ajudar as suas reservas a valorizarem acima da inflação, garantindo o crescimento real do seu patrimônio com baixo risco na renda fixa, essa realidade acabou.
Hoje, a taxa de juros está no patamar de apenas um dígito (7,25% ao ano) e deve se manter em patamares mais baixos por tempo indeterminado, realidade antes impensável no Brasil. A caderneta de poupança deixou de ter rentabilidade fixa de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR) e hoje rende 70% da Selic sempre que a taxa de juros é inferior a 8,5%. Ou seja, quanto mais os juros caírem, menor a sua rentabilidade na renda fixa conservadora, como os títulos públicos atrelados a Selic e os CDBs atrelados ao CDI, e menor o rendimento da poupança.
Para complicar ainda mais, a inflação anda preocupante, o que na prática “come” o rendimento das aplicações financeiras, fazendo com que o investidor perca seu poder de compra. “A inflação no Brasil é um fenômeno estrutural. A hiperinflação foi debelada com o plano Real, mas para chegarmos a um nível de inflação de primeiro mundo ainda vai demorar muito. Nos próximos 20 ou 25 anos ainda devemos ver surtos inflacionários como o de agora”, observa Paulo Bittencourt, diretor da Apogeo Investimentos.
Com isso, a rentabilidade real (acima da inflação) das aplicações financeiras se achata, podendo ser negativa em investimentos pouco rentáveis. Imagine um título público que tenha como rendimento a taxa Selic, isto é, uma Letra Financeira do Tesouro (LFT) que pague hoje 7,25% ao ano. Com a inflação de 5,84% de 2012, o rendimento verdadeiro desse título será de apenas 1,41% ao ano. Desconte agora a menor alíquota possível de imposto de renda, de 15% para aplicações superiores a 720 dias (cerca de dois anos).
A rentabilidade líquida, portanto, será de apenas 0,32% ao ano acima da inflação, não mais que o suficiente para corrigir o montante investido de acordo com a alta dos preços. Isso que ainda não houve o desconto das taxas do investimento em Tesouro Direto, por exemplo. Resumo da ópera: os mil reais investidos hoje continuarão a valer praticamente mil reais daqui a dois anos, mesmo que, nominalmente, o valor esteja maior. “Pense que, de um milhão de reais investidos, você lucra, de fato, apenas 3.200 reais depois de um ano”, diz Bittencourt.
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