Por que o empreendedor deve ser “louco”

18 de fevereiro de 2013

Referência em tecnologia e inovação, Salim Ismail explica porque essa característica é imprescindível para o brasileiro empreender.

salim_OK_destaq3Desde a segunda metade dos anos 2000, o Brasil vem crescendo em um ritmo muito alto. A economia nacional tem se destacado a níveis mundiais, ao passo que o poder de compra do cidadão brasileiro aumentou bastante nos últimos anos. A ascensão do país é uma onda que, para ser surfada, precisa de verdadeiros empreendedores ávidos por mudança e dispostos a testar suas ideias sem medo de falhar. Quem faz essa provocação é Salim Ismail, fundador da Singularity University e referência mundial em inovação e tecnologia.

Durante a sua participação na Campus Party Brasil 2013, ele mostrou como o Estado ainda tem uma forma de previsão de futuro linear, que não acompanha o avanço tecnológico mundial. “Nosso mundo não está preparado para essa rápida evolução. Todos os nossos sistemas, judiciais, educacionais, legais, políticos, estão baseados em 200 anos atrás.”

As formas de relações entre as pessoas têm mudado muito com a presença cada vez mais forte das redes sociais no dia a dia de todos. “O mundo está cada vez menos analógico. A nossa comunicação é essencialmente digital – o seu perfil no Facebook é mais importante do que as roupas que você está vestindo hoje”, garante.

Outro ponto ressaltado pelo investidor é o fato de que, com o aumento de investimentos externos no país nos últimos anos, tornou-se possível testar soluções e ideias, como acontece no Vale do Silício, berço do empreendedorismo norte-americano. Usar o modeloLean Startup, por exemplo, no qual você testa o seu produto ou serviço antes de colocá-lo no mercado, é altamente recomendável por Salim, que acredita que o próximo Steve Jobs será brasileiro.

Ainda em sua participação na feira, o americano mostrou algumas ideias inspiradoras para empreendedores brasileiros. Uma delas veio de um ex-aluno seu na Singularity University: Miguel Angel Luengo-Oroz criou oMalariaSpot.org, um jogo que permite o diagnóstico de malária em 20 minutos a partir de uma amostra sanguínea. Ao todo, foram quase 300 mil casos detectados pela plataforma. Outro exemplo foi oquadricóptero criado por Paul Wallich, um robô que acompanha o seu filho até o ponto de ônibus todos os dias antes da aula.

Esse tipo de proposta revolucionária parece estar longe de boa parte dos empreendedores no Brasil, certo? Errado. Segundo Salim, com o crescimento e barateamento da tecnologia – como as impressoras 3D, que prometem diminuir drasticamente o custo de produção de diversos produtos –, em pouco tempo ficará mais claro como pegar essa onda das novas tecnologias que prometem mudar a forma como encaramos o mundo e resolvemos nossos problemas.

Para isso, o especialista recomenda: “Sejam loucos, por favor! É a geração de vocês que vai consertar o que a minha estragou. Sintam-se animados quando enfrentarem um problema, pensem nas tecnologias que vocês podem utilizar e resolvam os impasses que o mundo tem hoje”.

Sobre a Singularity University

Singularity University é uma instituição de ensino localizada no Vale do Silício, nos Estados Unidos, que trabalha para educar e inspirar líderes que entendam os problemas do mundo e consigam facilitar o desenvolvimento de tecnologias e soluções que resolvam os principais problemas da humanidade nos dias de hoje. Empreendedorismo, Direito, Nanotecnologia e Estudos Futuros são exemplos disciplinas estudadas na universidade.

 

Por Vinícius Victorino, da equipe de Educação Empreendedora – Endeavor Brasil.

* Com informações de Tecmundo e Gizmodo.