Inadimplência está concentrada nas dívidas mais altas, aponta SPC Brasil

21 de fevereiro de 2013

Economistas afirmam que resultado reflete os estímulos ao consumo dados pelo Governo. Consumidores sem planejamento não conseguiram quitar as dívidas

A maior parte das dívidas registradas pelo comércio brasileiro no mês de janeiro está relacionada a valores altos, acima de R$ 500. De acordo com o indicador mensal de inadimplência do SPC Brasil (Sistema de Proteção ao Crédito), o calote no comércio fechou em alta de 11,8% ante janeiro do ano passado. Do total de inadimplentes, 30,71% têm pendências em atraso contraídas por compras com valor acima de R$ 500.

Na avaliação da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o resultado ainda é reflexo dos estímulos dados pelo Governo Federal ao longo de 2012, como a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para setor de automóveis, móveis e produtos da linha branca. “O setor automobilístico fechou 2012 com um recorde de vendas. Mas aqueles consumidores que não se planejam corretamente tendem a entrar em situação de inadimplência”, observa o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

Além disso, a facilidade de se conseguir crédito no Brasil fez com que aumentasse a parcela de consumidores com acesso a bens de maior valor, avalia a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos. “O elevado nível de emprego em situação recorde e os ganhos salariais acima da inflação permitiram ao consumidor facilidades na concessão de crédito”, explica a economista.

Faixa etária

No quesito idade, o maior número de inadimplentes registrados em janeiro é de pessoas idosas (mais de 65 anos), que representam 29% do total dos consumidores com prestações em atraso.

Na avaliação do SPC Brasil, esse resultado é reflexo da situação atual dos consumidores mais velhos. “Existem muitas facilidades para os aposentados e pensionistas obterem empréstimos consignados, levando muitos deles a comprometerem o próprio orçamento. Soma-se o fato destes consumidores terem despesas de alto custo como planos de saúde e remédios. Muitos deles não conseguem honrar os compromissos e entram em situação de inadimplência”, avalia a economista Ana Paula Bastos.

Fonte: CNDL