Mulher, mãe e profissional

7 de março de 2013

Não se sinta mais culpada! Trabalhar fora trás benefícios aos seus filhos

Se há uma verdade em ser mãe e trabalhar fora é que todas as mulheres nessa condição se sentem culpadas por deixar o filho em casa ou na escola e não dedicar todo o tempo de que gostariam a eles. “Durante quase seis meses depois do fim da minha licença-maternidade, eu ia literalmente chorando para o trabalho. Não aceitava que ter um filho fosse isso: ter de deixá-lo aos cuidados de outra pessoa”, relata Tania Azevedo, mãe de Theo, hoje com 3 anos.

Desde quando passaram a dividir o mercado de trabalho com os homens, há mais de 40 anos, a realidade enfrentada pelas mulheres é essa: um dilema sem fim. “A mulher tem esse sentimento porque, no fundo, ela se sente dividida entre a carreira e a maternidade”, comenta a psicóloga familiar Yeda Lima.

Se isso também acontece em seu dia a dia, talvez seja hora de saber que deixar o filho em casa e sair para trabalhar todo santo dia traz benefícios tanto para você quanto para as crianças.

Vantagensmae
A primeira coisa de que você deve se lembrar sempre é que, tendo uma carreira e um emprego, você se torna, além de mãe e mulher, uma provedora no lar. Ou seja, divide com o marido as responsabilidades das contas domésticas, aumentando o ganho e, portanto, tendo mais dinheiro para o lazer e as viagens, por exemplo. Além disso, um bom trabalho permite dar aos filhos não apenas uma vida mais tranquila, como também mais segura, com mais qualidade na educação, na alimentação mais adequada, entre outras vantagens.

Para o marido, no entanto, ter uma esposa que trabalha fora é razão de alívio e demonstração de parceria. Ele se sente mais tranquilo com as contas a pagar e consegue se dedicar mais efetivamente à rotina das crianças, encontrando tempo e disposição para brincar com os filhos.

Entretanto, nem só dinheiro e segurança são conquistas da mulher-profissional. “Talvez o quesito que mais conte seja a realização pessoal”, pontua a psicóloga Yeda Lima. “Quanto mais gosta daquilo que faz, menos a mulher tende a se sentir culpada por não estar 100% do tempo presente com os filhos.”

Se você ainda não está convencida de quantos benefícios o ato de trabalhar fora pode trazer para a sua família, há ainda um terceiro ponto: o orgulho para os filhos. “As mulheres precisam entender que, hoje em dia, é normal as crianças terem mães que trabalham fora, o que não acontecia antigamente”, esclarece Yeda. Assim, saber que a mãe tem uma vida além da deles é motivo de orgulho para os filhos, que crescem entendendo que trabalhar é prazeroso. “Ao perceber que a mãe vai ao trabalho feliz, elas intuem que o ato gera satisfação e, portanto, que trabalhar é bom”, diz a especialista.

Portanto, chega de culpa!
Diante de uma lista enorme de obrigações e afazeres, ela surge sem pedir licença. É a culpa! Mas, para nos aliviar, a psicóloga, escritora e mãe Cecília Troiano tem uma boa notícia. “As crianças se adaptam à realidade e constroem seu ideal de felicidade em torno das próprias experiências. Para elas, tanto faz se a mãe trabalha fora ou não, desde que essa seja uma situação bem resolvida para todos”, afirma Cecília no livro Vida de Equilibrista: Dores e Delícias da Mãe que Trabalha (Cultrix).

Mas a verdade é que, nesse cenário, muitas mães acabam mimando seus pequenos em mais uma tentativa – frustrada – de suprir sua ausência. “Como eu chegava em casa tarde da noite todos os dias, comprava muitos presentes para o Theo, achando que, assim, estaria suprindo a minha falta”, conta Tania Azevedo. Atitudes como essas facilitam o surgimento de outros problemas.

O primeiro é criar uma criança mimada, que não aprende a dar valor para as coisas. O outro é que ficar se remoendo diariamente por não ter tempo para nada, por não se dedicar tanto quanto gostaria para a família, por um casamento morno, por não estar todo o tempo com os filhos, gera… mais culpa! E, junto a ela, instala-se um cenário perfeito para o aparecimento de doenças, como o estresse e a depressão, e para a formação de crianças despreparadas, que não adquirem segurança e, consequentemente, independência.

Então, o que fazer? Saber que, para tudo, há solução. Depois, entender que essa culpa não tem uma razão real de ser. E, para isso, é interessante se informar sobre o assunto e ter vontade de mudar

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No dia a dia…

A psicopedagoga Ruth Forte orienta que o ideal é fazer atividades com as crianças sempre que vocês estiverem juntos. É importante ouvi-las e jamais dizer que você não tem tempo para elas. Além disso, mesmo estando longe de seus filhos, tente participar da educação e do dia a dia deles de alguma forma. E lembre-se: nada de presentinhos fora de hora ou de abrir exceções às regras estipuladas. “Em vez de fazer todas as vontades dos filhos, deixando de impor limites – que são essenciais para a educação de toda criança –, que tal sentar-se com eles dez minutos por dia? Parece pouco, mas já é o bastante, pois, quando veem que a mãe os ouve com sinceridade, eles se sentem mais seguros e amados”, garante a psicopedagoga.

Para tornar sua rotina mais tranquila, é preciso contar com pessoas de confiança que possam ajudá-la. Babá, avó ou até mesmo uma boa empregada são fundamentais para cuidar das crianças, preparar as refeições, levar e buscar na escola. A segunda atitude é entre você e seus filhos: procure reorganizar seus compromissos e estabeleça uma rotina simples com os pequenos, especialmente na fase infantil, quando eles mais precisam da presença da mãe.

A participação do pai nesses momentos é da mesma forma fundamental. “Escolha aquilo que é realmente importante para você e para seus filhos e deixe as demais de lado”, diz Ruth. Foi isso o que Tania fez, e, como resultado, ganhou qualidade no casamento e no relacionamento com as crianças. “Minha mudança de postura foi conseguir unir mais minha família, viver mais tranquila e menos sobrecarregada, e formar um filho mais independente”, conta a mãe de Theo. “Jamais se esqueça de que as crianças não precisam ficar o tempo todo grudadas na mãe para serem felizes”, finaliza Yeda.

Próxima, mesmo longe
Vocês se veem rapidamente durante a manhã e depois só à noite, após o trabalho. Nesse intervalo, bate uma saudade… Veja cinco maneiras de se manter bem próxima de seu filho, mesmo quando você não está em casa.

1. Delegue – Não queira cuidar de tudo sozinha – nem de você, nem da casa e nem das crianças. Marido e filhos também têm suas responsabilidades e devem fazer sua parte. Com isso, você fica menos sobrecarregada e consegue mais tempo para se dedicar às brincadeiras com seus filhos.
2. Como anda sua rotina? Se não tomarmos cuidado, em pouco tempo, estamos com mais obrigações do que conseguimos cumprir. Escola, natação, balé, futebol, inglês… Será que seus filhos não estão com a agenda lotada demais, sobrecarregando sua rotina ainda mais? Lembre-se de que todos precisam de um tempo livre para se curtirem.
3. Use o telefone – Um estudo da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, mostrou que o cérebro da criança reage da mesma maneira – liberando ocitocina, o hormônio do bem-estar – com o contato físico ou com um telefonema da mãe.
4. Internet ajuda! – Que tal começar a usar o computador não apenas para resolver as questões do trabalho? Hoje, você pode fazer muita coisa pela internet, como compras, supermercado e, o melhor, comunicar-se com as crianças quando você estiver no serviço.
5. Faça uma gravação – Pode ser lendo uma história, cantando uma música ou apenas mandando um recado para dizer que está com saudade. Dessa forma, seu filho vai poder ouvir sua voz sempre que quiser.
6. Coloque uma foto sua na lancheira – Se a foto for do fim de semana, melhor ainda, e, se ele já souber ler, você pode escrever um bilhete com uma mensagem carinhosa.
7. Deixe seu filho brincar com um objeto seu – Pode ser uma peça de roupa com seu perfume, seus colares ou qualquer outro objeto que lembre você e possa diverti-lo.
8. Hora do estudo – Além de ajudar as crianças na escola, reservar um momento diário para acompanhar seus filhos nas lições de casa e na leitura é um ótimo pretexto para vocês permanecerem mais tempo juntos.
9. Dê autonomia – Por mais que você não queira, as crianças crescem e precisam de mais espaço. Isso quer dizer que você deve continuar dando carinho e atenção, mas a partir dos 5 anos é preciso oferecer, também, liberdade. Assim, elas crescem e você ganha mais tempo no dia a dia.
10. Equilibre-se e não sinta culpa! – Você não vai resolver nada vivendo estressada e culpada. Tente manter a calma e procure fazer tudo da melhor maneira possível. Se hoje não deu pra brincar, programe uma brincadeira especial para o dia seguinte.
11. Aproveite os finais de semana – Se você já passa os cinco dias trabalhando, nada de levar mais coisa para casa aos sábados e domingos. Procure dedicar os finais de semana a seus filhos, com passeios e programas feitos especialmente para eles.
12. Conte com a ajuda das pessoas – Escolher uma babá de confiança ou matricular seu filho num bom colégio são os primeiros passos para você se sentir amparada e, assim, mais tranquila para lidar com o dia a dia de mãe, esposa, mulher e profissional.

Pense sempre no lado positivo
Trabalhar fora e ter outras tarefas para fazer que não envolvem os filhos são práticas normais, saudáveis e salutares nos dias de hoje. Para Rose Leme, mãe de Isadora, de 3 anos, seu trabalho é também um exemplo para a filha. “Acima de tudo, pretendo que minha pequena cresça sabendo dar valor ao trabalho. Quero deixar para ela o legado de que toda mulher precisa ter uma profissão e uma ocupação, pois esse é o caminho da autonomia e da independência não apenas financeira, mas também emocional”, afirma.

Ao valorizar suas tarefas e seu trabalho, você não está transmitindo a seu filho que não tem tempo para ele. Ao contrário, demonstra que você está feliz e bem consigo mesma. E é só assim, estando de bem com a vida, que você consegue dedicar amor, carinho e atenção às crianças. É importante lembrar que, “a qualidade do tempo que você passa com seu filho é mais importante do que a quantidade. Ou seja, é mais válido ficar apenas dez minutos conversando com ele abertamente, dedicando esse tempo exclusivamente a ele, do que ter o dia inteiro na sua presença sem que vocês sequer troquem uma palavra”, comenta a psicopedagoga Ruth Forte.

Fonte: http://www.umamulher.com.br