Consumidor desconfia que preços da cesta básica vão continuar elevados

13 de março de 2013
O consumidor está desconfiado
Foto: Romildo de Jesus

O consumidor está desconfiado

Embora os supermercados tenham se comprometido em repassar aos preços os cortes de tributos federais da cesta básica, os consumidores não devem sentir todo o efeito da medida anunciada pela presidente Dilma Rousseff. Estimativa feita por economistas indica que um terço da redução deverá ser absorvido pelos empresários para recompor margem de lucro.

Segundo o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Fernando Yamada, a redução nos preços só será sentida a partir dessa quinta-feira (14). Segundo estimativas dos economistas, as carnes e produtos de higiene devem cair 6% em média e os demais itens, 3%, mas, o repasse “praticamente” integral aos preços da desoneração da cesta, pode chegar ao consumidor em até duas semanas. “Tudo depende da decisão da indústria”, afirma o economista Marcos de Oliveira.

A redução dos tributos da cesta básica deve ajudar o governo na luta contra a inflação, acredita o economista. Segundo ele, a medida terá impacto de 0,2 a 0,6 pontos percentuais nos índices a partir deste mês.

A médica e dona de casa Maria do Amparo Gomes Santos desconfia da redução da cesta básica, que para ela terá outros fatores influenciando. “A seca deve ser um desses fatores que não vão deixar a redução aparecer”, comentou. “Se não chover, teremos sim, um aumento e não uma redução. Eu não acredito que vamos sentir esta redução. Acho que houve aí um pouco de demagogia por parte do governo, que não está conseguindo controlar a inflação”, opinou.

O medo da médica faz coro com o que diz o economista Carlos Araújo Santos: “Por ora, é muito difícil precisar quando essa desoneração será sentida pelo consumidor final. Mas é possível que já comece a ser repassada ainda neste mês de março, tendo em vista que algumas redes varejistas anunciaram nessa terça-feira (12/3) que já incorporaram a desoneração nos preços. Para efeito das nossas projeções de IPCA consideraremos que esses -0,40 p.p. (ponto percentual) serão distribuídos da seguinte forma: -0,10 p.p. em março, -0,15 p.p. em abril e -0,15 p.p. em maio. Quer dizer, serão diluídos ao longo dos meses”, relatou.

Se o repasse fosse integral, o IPCA poderia sofrer redução de 0,48p.p., com impacto vindo principalmente dos preços da carne e do açúcar. Mas não devemos esperar que isso aconteça. “Nosso cenário de inflação contempla atualmente que apenas 1/4 dos benefícios fiscais será repassado para os preços. Assim, estimamos um impacto de 0,12% no índice do IPCA.

Enquanto os economistas discutem se haverá ou não impacto na economia, consumidores se mostram incrédulos. “Não acredito em desoneração. A cesta básica ao longo dos anos só teve reajuste para mais”, disse a professora Clara Agostín Santos. Já para a técnica de enfermagem Maria de Fátima Costa, qualquer redução na cesta básica “vai favorecer ao trabalhador, principalmente quem ganha salário mínimo”, acredita.

Segundo o Dieese, o custo da cesta básica em Salvador no mês de fevereiro foi 0,89%, maior que no mês anterior, passando a custar R$ 270,04, contra os R$ 267,65 registrados em janeiro. Nos últimos 12 meses (de março de 2012 a fevereiro de 2013), o custo dos alimentos básicos apresentou alta de 32,03% na capital baiana.

O aumento no custo da cesta básica reduziu um pouco mais o poder de compra do trabalhador que ganha um salário mínimo. Ele comprometeu 43,29% de seu rendimento líquido com a cesta básica em fevereiro, percentual superior ao comprometido em janeiro (42,91%).

Fonte: Tribuna da Bahia – Economia