“É uma boa hora para professores se tornarem menos donos do conhecimento, mais tutores e colaborativos com seus alunos, refletindo com eles o que nenhum computador pode vivenciar de forma humana: o sentido e a prática de uma vida sustentável.”
Faz tempo que eu não escrevo sobre escolas e educação e digo assim, separadas, porque nunca achei que uma coisa fosse a outra. Calhou que este mês, num dos grupos de debate em que sou assistente na internet, o assunto das escolas 3w, aquelas que se pode acessar pela web, vicejou novamente e fez as pessoas tanto vociferarem contra a tecnologia, quanto se desmancharem em elogios.
Das tais escolas do futuro, como alguns as chamam, talvez a mais polêmica seja a Khan Academy, um acidente educacional protagonizado por um americano de origem indiana que resolveu dar aulas particulares aos primos, pela web.
Pelo visto, ele deve ter muitos primos. Passados alguns poucos anos, mais de seis milhões de pessoas já acessaram suas aulas. Países, inclusive o Brasil, o recebem, e ele conta que “quando começou tudo isso, pensava nas aulas como conteúdo complementar e nunca havia imaginado que elas estariam dentro das escolas”.
Alguns vão acusar a educação pela web de insustentável, mas, tenhamos menos paixão para refletir: Por que será que os conteúdos de Khan ganharam a sala de aula?
Pode ser que aqueles que os estavam usando não tivessem escrúpulos e urdiram um plano tenebroso para extinguir com a classe docente pela internet. Pode ser…
Pode ser também que, desavisados, os alunos começaram a entrar lá na Khan e ver os conteúdos numa linguagem que entendiam e com a qual nasceram. Daí pensaram: é muito mais interessante do que aqueles caras chatos na sala de aula, com a vantagem que eu posso ver a hora que quero! Pode ser porque, é verdade, há um monte de professores bons e um monte de professores chatos!
Pode ser ainda, que alguns professores preguiçosos, uma minoria, certamente, pensaram que, com esta mixaria de salário, melhor seria mandar a meninada para a web e depois dar um trabalho em grupo. Poupava tempo e trabalho. Pode ser…
E olha, outra possibilidade é que alguns governos detectaram que com poucos professores com a intenção de morar em rincões afastados dos grandes centros, usar estes conteúdos fazia a diferença. Por isso, adotaram essa estratégia supondo que iriam melhorar a educação nas localidades mais distantes dos grandes centros como nunca antes na história deste país. Claro que pode ser…
Pode ser um monte de coisas, boas e ruins. Não faço apologia de nenhuma. Sempre tive só uma certeza: o momento em que prosperam os conteúdos 3w de educação a distância, como eu disse que aconteceria, é uma boa hora para professores se tornarem menos donos do conhecimento, mais tutores e colaborativos com seus alunos, refletindo com eles o que nenhum computador pode vivenciar de forma humana: o sentido e a prática de uma vida sustentável. Esta escola sobreviverá!
Afinal, dizem os sábios, não há método de ensino que supere um bom exemplo!
Por Roberto Francisco de Souza (*) redacao@revistaecologico.com.br