Empreendedores introvertidos revelam como superar o desconforto

28 de março de 2013

Todos concordam que o primeiro passo é assumir a timidez

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Da esquerda para a direita: Fabiano Estellita, José Braga, André Barcellos

Estamos acostumados a pensar em empreendedores como pessoas articuladas, confiantes e persuasivas. O universo dos negócios não parece ser muito acolhedor para quem é mais reservado e introvertido. No entanto, muitos tímidos sentem vontade de empreender, não abrem mão de investir nas próprias ideias e têm tantas chances de sucesso quanto qualquer outra pessoa.

A inibição acompanhou André Barcellos, sócio da agência Izanagi Design, desde a escola. Ele se lembra de não se sentir à vontade quando tinha de falar para toda a classe. No início de sua atuação como designer, teve dificuldades em participar de feiras e de outros eventos públicos. Para resolver o desconforto, negou sua timidez e tentou alterar essa característica. “Gerei uma enorme cobrança interna, sem resultados”, diz. Quando aceitou sua personalidade, Barcellos obteve resultados pessoais e profissionais melhores.

O caminho seguido por ele é o recomendado por especialistas. De acordo com Daniela Ribeiro, gerente-sênior de engenharia, marketing e vendas da Robert Half, empresa de recrutamento especializado, a primeira coisa a fazer é aceitar a característica e não tentar escondê-la. Além disso, responsabilidades que exigem mais exposição devem ser tornadas regulares, para que não voltem a tomar dimensões intimidantes.

Barcellos até aprendeu a tirar vantagem da timidez. “O modelo de negócios da Izanagi foi montado por uma ‘mente tímida’, com valores que respeitam o tempo e a privacidade de cada cliente”, diz.

José Braga, fundador da Hyperativa, agência de consultoria e marketing online, também passou por maus momentos antes de conseguir superar a inibição. “Já houve reuniões em que suei frio, não consegui organizar minhas ideias e tive de ir ao banheiro para respirar”, afirma. Assim como Barcellos, ele diz que é importante tomar consciência do próprio perfil. “Percebi que era melhor não fugir de eventos e me expus a essas situações para controlar minhas emoções.” Com o tempo, Braga concluiu que, se não se destacava pela extroversão, ganhava credibilidade por ter um estilo minucioso e técnico como vendedor.

Uma conclusão semelhante também trouxe confiança a Fabiano Estellita, diretor técnico da Veus Technology, agência de comunicação digital na área de saúde. Com formação em matemática, ele busca utilizar o conhecimento a seu favor. Para não dar branco e se sentir confiante nas apresentações que precisa fazer, prepara tudo com cuidado e antecedência.

Por Mariana Grazini
Disponível em: http://revistapegn.globo.com