Banco do Povo: 13 anos gerando novas oportunidades para pequenos empreendedores

3 de abril de 2013

Surgida oficialmente em 2000, a instituição gera emprego e renda na região sudoeste por meio da oferta de microcrédito

Em 1999, havia ainda apenas uma ideia. A Prefeitura de Vitória da Conquista considerou prudente que houvesse uma instituição destinada a ocupar o vácuo deixado pelos bancos tradicionais junto aos pequenos comerciantes. Uma entidade bancária que pudesse realizar empréstimos e outras operações financeiras de menor densidade, a juros mais baixos e acessíveis, algo que esses trabalhadores não encontravam nas instituições bancárias já estabelecidas.

A materialização da ideia envolveu, além da Prefeitura, entidades da sociedade civil, entre elas a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o Sindicato dos Bancários, a Associação Agroindustrial de Simão e Campinhos e a Associação dos Microempresários.

Surgiu, então, a Instituição Comunitária de Crédito Conquista Solidária (ICC Conquista Solidária), oficializada por meio da Lei Municipal n° 1.007/99, publicada em dezembro. A mesma lei autorizou a Prefeitura a doar R$ 150 mil ao novo banco, a título de formação de fundo rotativo de crédito. A doação foi concretizada no ano seguinte, o que possibilitou o início das atividades operacionais. Vieram ainda outros aportes financeiros de órgãos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Agência de Fomento do Estado da Bahia (DesenBahia) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Era o início da história do Banco do Povo, que chega, neste dia 3 de março, aos 13 anos de idade. Hoje classificada pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), a instituição atende a seis municípios do sudoeste baiano: Anagé, Barra do Choça, Brumado, Cândido Sales, Poções e Planalto, além de Vitória da Conquista. Continua a gerar emprego e renda na região, por meio da oferta de microcrédito produtivo orientado a pequenos empreendedores.

‘Na hora certa’ – Trata-se de gente como o jovem comerciante Robson de Jesus Apolocena. Ele mantém duas barracas na Praça da Bandeira, região central de Vitória da Conquista. Numa comercializa óculos de sol. Na outra, situada no interior do Mercado de Artesanato, vende pinturas que ele mesmo produz. Robson garante que viu seus rendimentos melhorarem após ter-se tornado cliente do Banco do Povo, há cerca de sete anos. “Melhorou bastante”, afirma. “Antes, a gente não tinha como crescer. O Banco do Povo chegou na hora certa, no momento em que mais precisávamos”.

O comerciante passou a realizar, periodicamente, empréstimos que lhe garantiram capital suficiente para a aquisição de novas mercadorias.  As taxas de juros mensais, bem menores que no sistema convencional, fizeram com que ele se tornasse um cliente fiel. “É uma certeza que você tem de que vai continuar a trabalhar. Quando termino de pagar um empréstimo, já existe todo o apoio para que eu faça outro maior”, observa Robson, que contabiliza um crescimento estimado “entre 50 e 60 por cento” em seu empreendimento, desde que aderiu ao Banco do Povo.

Números históricos – Em seus 13 anos, até março de 2013, o Banco do Povo realizou mais de 26 mil empréstimos, atingindo um público superior a 6.700 clientes. O volume de dinheiro já emprestado, em todo esse período, chegou a mais de R$ 39 milhões. A taxa média de inadimplência é baixíssima, não passa de 1,3%. Por outro lado, a exemplo de Robson Apolocena, 79% dos clientes são fiéis e 96,4% também se encontram no setor informal. Mais de 40% dos empréstimos foram feitos em valores menores ou iguais a R$ 1 mil. Praticamente a totalidade dos empréstimos (99,9%) foi destinada ao capital de giro das pequenas empresas.

Além de ofertar os empréstimos, o Banco do Povo oferece o crédito produtivo e orientado. Em outras palavras, a instituição assessora os micro e pequenos empreendedores sobre a melhor forma de gerir seu negócio. A forma de garantia mais comum entre os clientes é o crédito solidário, em que grupos de três a oito pessoas se avalizam entre si. Tal modalidade corresponde a quase 70% dos contratos.

Missão cumprida – “O Banco do Povo é uma iniciativa altamente positiva”, avalia o padre Edilberto Amorim, atual presidente da instituição. “Pessoas que antigamente tinham de recorrer eventualmente a agiotas, hoje têm seus negócios bem arrumados, com capital e todos os recursos ao crédito”, complementa Amorim.

O diretor executivo, Hermes Bonfim, considera que o Banco do Povo vem cumprindo a missão que lhe foi atribuída em 2000. “Melhorou a vida de muitas pessoas que precisavam do acesso ao crédito e atingiu plenamente seus objetivos, ao preencher essa lacuna que os bancos tradicionais não preenchiam”, sintetiza. Amorim.

Fonte: site PMVC