Comportamento e Educação na geração Facebook

2 de maio de 2013

Facebook1

O Facebook vem se consolidando cada vez mais como fenômeno mundial, superando qualquer resultado entre redes sociais na internet. Os últimos dados divulgados apontaram um numero de mais de um bilhão de usuários no mundo. O Brasil está entre os cinco países com o maior número de conectados.

A rede social está se tornando um padrão de linguagem, e de comunicação diária, entre todas as faixas etárias. Jovens, adultos e idosos, todos estão conectados, e a utilizam para diversas finalidades: trabalho, bate-papo, paquera, notícias, vídeos, poesias, protestos, dentre outros conteúdos. É correto afirmar que o Facebook é a maior rede de marketing pessoal do mundo, onde cada interface de usuário tem seu próprio site individual.

Mas reconhecendo-se que a rede se tornara um fenômeno de comunicação global, democrático e quase que indispensável, tal conceito nos remete a uma importante reflexão: se todas as idades estão conectadas, em todos os tipos de perfil de usuários, em todas as ‘’tribos’’ sociais, desde os mais alternativos aos mais conservadores, e em todas as culturas no mundo, isso pode ser objeto de análise e estudo no campo da neurociência, em termos de formação cognitiva, conjugada com os efeitos educacional e comportamental, e, sobretudo, social no campo da juventude.

Os usuários de internet de um modo geral, entre 25 e 35 anos de idade não cresceram com o ambiente virtual, pois a geração digital veio depois. Portanto, usuários desta faixa etária só tiveram acesso à web após a adolescência, ou, ainda, um pouco mais tarde. Portanto, quem hoje tem, em média, mais de 30 anos de idade cresceu sem o uso do Facebook, mas sim, passou a utilizá-lo recentemente, tendo se desenvolvido anteriormente nos padrões convencionais de comunicação e educação; em uma época em que era preciso ‘’correr atrás’’ das informações, e se estudarconteúdos em formatos literários e acadêmicos.

O fato em questão gera interrogativas quando paramos para refletir sobre os jovens atualmente com uma média de menos de 18 anos de idade, que, ao contrario da geração anterior (a que não cresceu com a rede do Facebook), estão se desenvolvendo integralmente conectados, na escola, em casa, no trabalho, no M- commerce.

Segundo os Estudos na neurociência esta é uma fase da vida em que o cérebro ainda está terminando sua formação, bem como a dos neurônios e cognições, e desta forma, a partir do momento em que o Facebook tornara-se uma referência global em comunicação tal cenário pode ser problemático entre os adolescentes com menos de 18 anos. Pois o fato de a ferramenta ser considerada incrivelmente inteligente por esta nova geração, isso faz com que jovens adotem padrões de comportamento iguais aos da rede e com base nos da rede, ou seja, o Facebook pode estar, em parte, ditando alguns padrões de comunicação para esta nova camada social.

Em quantas ocasiões sociais presenciamos, por exemplo, crianças ou adolescentes, em ambientes off-line emitindo as seguintes verbalizações, repetidas vezes: ‘curtir’ ou  ‘compartilhar’.

As expressões vistas acima são, socialmente, muito claras e esclarecedoras. O problema consiste na limitação da verbalização entre jovens, por terem como base o modelo de linguagem do Facebook como forte referência.

Mas a situação se agrava no ambiente online, onde se vê pessoas que se encontram uma ao lado da outra, e, ainda assim, conversam no bate-papo da rede; e, também, nos casos dos acessos remotos, – em que se tornam ‘’anti-sociais’’ porque não tiram os olhares do celular, tablets. Tal conceito está sendo apontado como geração ‘’Multi-telas’’, e o Facebook está presente em todas.

Recentemente, por exemplo, foi relatada, na própria rede, uma criança que ficou tanto tempo em um restaurante fotografando o prato de comida, que quando foi consumir, a refeição esfriou, e então pediu ao pai que solicitasse outro prato ao garçom. O pior é quando presenciamos adultos adotando tais modos com freqüência, enão pontalmente em uma ocasião especial.

O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, declarou em 2012 que o sucesso do Facebook se deve ao fato de as pessoas terem, através de seu uso, a possibilidade de se mostrarem mais ao mundo, e que quando não há esta inclusão digital-social sentem-se exclusas socialmente de um modo geral. Ainda afirmou que, atualmente, se não utilizamos a internet nos sentimos em ‘’mundo deserto’’, e, neste contexto, o Facebook é a melhor ferramenta de interação.

É verdade que a rede é uma pgande potência em comunicação admirável e produtiva, de forma incomparável às demais, principalmente, para divulgação de trabalhos e compartilhamentos de conteúdos. Mas, até que ponto está sendo usada para futilidades ou para utilidades? Até que ponto a linguagem do Facebook pode limitar nossos jovens em um modelo determinado de comunicação e de comportamento? Quais os riscos, de fato, educacionais e sociais, que esta nova geração corre estando interconectada e hipnotizada pela rede? Até que ponto as expressões ’curtir’ e ’compartilhar’ pode invadir o dialeto dos jovens, como jargões soberanos?

Sabemos que o problema não é o Facebook em si, mas sim o uso que as pessoas estão fazendo da ferramenta. Em um país como o Brasil, por exemplo, com índices educacionais gritantes, até que ponto pode influenciar na nova geração de crianças, – mais do que os conselhos dos pais, ou o aprendizado acadêmico?

Mais do que nunca palavra educação entra em cena como um divisor de águas nesta questão. Cabendo-se aos pais e mães do Brasil e do mundo, de um modo geral, controlarem o uso saudável e moderado da ferramenta, para que o gigante da web não fomente tal padrão de comunicação, fútil, – limitando o pensamento produtivo de seus filhos e gerando padrões de linguagem e comportamento, com base apenas na inteligência da rede social. Mas sim, do contrário, que esta seja utilizada apenas como meio de aproximar e desenvolver pessoas, com o aproveitamento e o compartilhamento de conteúdos de qualidade.

Na Coréia do Sul, por exemplo, o país está entre os primeiros do mundo em educação, com todas as crianças crescendo, sendo educadas pelo computador e pela internet, através de escolas financiadas pelo governo. Mas lá, a diferença está na orientação educacional que tais crianças estão recebendo desde cedo, – acostumadas a fazer pesquisa de diversos temas na web, de forma que no futuro estarão culturalmente habituadas a buscar temas relativos ao seu desenvolvimento, pessoal e profissional, e não com índices de referência que a divergem do seu desenvolvimento, como, por exemplo, o excesso de um mesmo formato e gêneros de conteúdos em apenas um determinado canal, que na humanidade, atualmente, é o Facebook.

Não há nenhum problema social ou comportamental em compartilhar fotos de pratos de comida ou qualquer outro conteúdo semelhante na rede, ou as fotos que jovens tiram de si mesmos em diferentes ângulos, e o voyeurismo e o exibicionismo de uma forma geral; o problema está na soberania e no recorde de audiência deste gênero de conteúdos nos compartilhamentos e posts, principalmente, no Brasil.

Sobretudo, o problema do Facebook consiste no mesmo problema da internet em sua substância, – tal como muito mencionado nas mídias e nas sociedades: em vez de ambos serem horizontalizados como ferramenta de auto-capacitação, estudos, pesquisas e desenvolvimento, são verticalizados para futilidades e banalidades; a única diferença é que agora tal divergência tem um nome.

Por Daniel Lascani 
Imagem: www.cartacapital.com.br

Fonte: Comportamento e Educação na geração Facebook
Qualidade Brasil – O seu portal brasileiro de Gestão