Marcas não precisam de heróis

3 de maio de 2013

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“Pobre do povo que não tem herói” é uma frase célebre de um diálogo na peça Galileu Galilei de Brecht. Quem a pronuncia é Andreas, um assistente de Galileu. Ao que este, com muito mais sabedoria, devolve: “Não Andreas, pobre do povo que precisa de herói”.

Essa passagem veio à minha cabeça algumas vezes recentemente, a partir dos episódios Lance Armstrong, o ciclista hepta-campeão do Tour de France e Oscar Pistorius o velocista, amputado, Blade Runner. O primeiro foi, durante anos, um dos meus grandes ídolos pessoais e o segundo, alguém que eu, assim como milhões, aprendi a admirar como um arquétipo da superação.
E ambos envolvidos em escândalos monumentais que pulverizaram suas reputações e atingiram as marcas endossadas por eles. Todas eram marcas já suficientemente valiosas e de prestígio, a ponto de terem alguma blindagem contra esses episódios.
Mas imaginem vocês se assim não fosse!
E se elas fossem marcas em construção, em busca de mais reconhecimento, expressão e envolvimento, que tivessem se dependurado nesses heróis. Teriam sido arrastadas junto com eles.
A mensagem mais evidente que sempre fica para mim é a de que: marcas precisam andar com as próprias pernas e sem trocadilhos de mau gosto. Marcas não precisam de heróis para construir sua identidade. Triste as marcas que precisam de heróis para sobreviver e para mantê-las infladas.
Heróis são aliados eventuais das marcas e não seu sopro de vida. Marcas precisam ter seu próprio propósito para existir e se desenvolver. Marcas sem um propósito são marcas sem alma. E estas sim precisam da muleta de um herói. Pobre delas!

Por Jaime Troiano
Disponível em: http://www.hsm.com.br/blog/2013/04/marcas-nao-precisam-de-herois/