De acordo com o levantamento do SPC, 42% dos trabalhadores informais dizem que não conseguem tirar férias e 72% não contribuem para o INSS
Milhões de brasileiros querem sair da informalidade e legalizar o próprio negócio. Uma pesquisa mostrou que uma das principais queixas é a falta de acesso ao crédito. Sem capital, muitos negócios acabam fechando.
A informalidade pode ser uma chance para o novo começo: ganhar dinheiro por conta própria. Mas depois da empolgação inicial surgem inúmeras dificuldades para quem não tem empresa registrada.
Edilson Pacheco trabalhou 10 anos com carteira assinada até decidir que queria ser patrão de si mesmo. “Eu criei coragem e fui, porque todo brasileiro tem o sonho de ter seu próprio negócio. Esse foi meu sonho”, afirma o dono do lava-jato.
O lava-jato começou como um negócio informal, mas em poucos meses ele se convenceu de que o melhor era registrar a empresa. “Você fica mais seguro, não tem problema com fiscalização, essas coisas”, conta Edilson
José também decidiu largar o emprego para ficar livre do patrão e ganhar mais. Conseguiu. Optou pela informalidade, e reconhece que em certas horas o sonho vira pesadelo: “Você vende correndo do rapa, é fiscal de um lado e você de outro”, explica.
Mais da metade dos que estão no mercado informal de trabalho querem mudanças no negócio. Dizem estar insatisfeitos e dão de cara com vários problemas. Um deles, a dificuldade em conseguir empréstimos, que hoje são oferecidos a juros baixos para quem tem empresas regularizadas. Aí, o negócio não deslancha e a concorrência ameaça. Essas são algumas conclusões de uma pesquisa sobre a informalidade no país.
O estudo mostra ainda que 81% dos vendedores e prestadores de serviço que não têm empresa não conseguem controlar ou planejar os gastos. A maioria é homem, tem entre 35 e 49 anos, e não completou o ensino médio.
Em todos os casos, a jornada de trabalho diária supera a de um trabalhador com carteira assinada. Caso de Paulo Lobo, ex-porteiro, que hoje só fecha a barraquinha de cachorro-quente depois de, no mínimo, 12 horas de trabalho.
“Não tem lazer, é 100% dedicado. Não é aquela vida de empregado, que tem as folguinhas, vai para casa e no outro dia levanta, sai”, diz.
De acordo com o levantamento do SPC, 42% dizem que não conseguem tirar férias e 72% não contribuem para o INSS. Ficam sem garantia para quando se aposentarem. A pesquisa conclui que metade pensa em sair da informalidade.
“O empreendedor informal, quando caminha no sentido de se formalizar, um novo horizonte de possibilidades pode se abrir para ele. Ele passa a poder emitir nota fiscal, passa a poder anunciar seu negócio sem medo de uma visita de fiscal, por exemplo. Passa a poder crescer sem medo”, explica o gerente financeiro do SPC Brasil Flávio Borges.
Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, o mercado informal brasileiro representou, em 2012, quase 17% do PIB, que é a soma das riquezas do país.
Fonte: G1 – Bom Dia Brasil