Saúde no trabalho: prevenir é melhor do que lamentar

6 de junho de 2013

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O cuidado com a saúde deixou de ser uma preocupação pessoal e hoje é visto como uma questão prioritária e estratégica para muitas organizações. Afinal, quando o capital humano apresenta índices de adoecimento significativos, isso será sentido no dia a dia corporativo, pois o talento poderá ter que ser afastar durante algum tempo do seu posto de trabalho e, nem sempre, haverá outro colaborador para assumir as atividades do profissional que se ausenta para se restabelecer.
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que a saúde do trabalhador brasileiro merece mais atenção. De acordo com o órgão, só em 2009, foram registrados quase 724 mil casos de acidentes e doenças do trabalho, entre os profissionais assegurados da Previdência Social. Vale ressaltar que os trabalhadores autônomos (contribuintes individuais), não foram incluídos nessas estatísticas. E as notícias tornam-se ainda mais preocupantes, quando se consideram as seguintes informações: ainda em 2009, foi constatada uma morte a cada 3,5 horas, motivada pelo risco decorrente dos fatores ambientais do trabalho e aproximadamente de 80 acidentes e doenças do trabalho reconhecidos a cada hora na jornada diária. Mas, o que as empresas podem fazer para reverter uma realidade tão preocupante? Além de cumprirem as normas de segurança do trabalho, logicamente, estimularem seus colaboradores a terem uma melhoria na qualidade de vida durante as atividades laborarias.
Para Iamara Ferres, educadora física e diretora executiva da Alongar, empresa especializada em saúde no ambiente de trabalho. Nos últimos anos, o número de colaboradores com doenças ocupacionais cresceu preocupantemente no Brasil, afastando os empregados temporária ou permanentemente. “Isso tem causando prejuízos tanto ao empregado quanto ao empregador”, alerta. Em entrevista ao RH.com.br, ela assinala ações simples e que podem ajudar os profissionais a se “protegerem”, principalmente das doenças ocupacionais e de que forma a área de Recursos Humanos encontra-se inserida nesse contexto, de forma que venha a contribuir para a saúde dos talentos internos. Boa leitura e aproveite essa oportunidade, inclusive, para avaliar se você está cuidando bem de si! Até breve!

RH.com.br – Como se encontra a situação do trabalhador brasileiro diante das doenças ocupacionais?
Iamara Ferres – Nos últimos anos, o número de colaboradores com doenças ocupacionais cresceu preocupantemente no Brasil, afastando os empregados temporária ou permanentemente. E isso tem causando prejuízos tanto ao empregado quanto ao empregador. Para termos uma ideia, basta nos reportarmos aos dados estatísticos apresentados pelo Ministério da Previdência Social.
RH – Essa realidade, considerada preocupante, tem chances significativas de ser revertida?
Iamara Ferres – Sim, mas, para alguns “crise é sinal de oportunidade”. Além disso, temos um trabalhador mais interessado em obter qualidade de vida, refletindo nas decisões de seus gestores que, por sua vez, visam maior produtividade. Esse efeito, de um modo geral, fez com que algumas empresas passassem a dar uma atenção especial à legislação trabalhista, investindo na contratação de profissionais de segurança de trabalho e de profissionais especializados em ginástica corporativa – empresarial -, e outras atividades mais criativas como, por exemplo, competições, intervenções teatrais ou criação de sala para games.
RH – Sabemos que profissionais doentes impactam em custos. Quanto isso tem pesado para a Previdência Social e para as organizações brasileiras?
Iamara Ferres – Segundo os dados do Governo Federal, os acidentes e as doenças do trabalho custam anualmente cerca de 10,7 bilhões de reais aos cofres da Previdência Social, por meio de pagamento auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias. De acordo com um estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento para a América Latina, cerca de 10% do PIB é redirecionado por causa de acidentes e doenças ocupacionais. Neste cenário, a Norma Regulamentadora n º 17, em que o Ministério do Trabalho e do Emprego alerta os empregadores sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, figura como alternativa. A normativa dispõe de várias questões sobre ergonomia no ambiente de trabalho, por exemplo. E após o início das práticas é comum o gestor ter a percepção que a atividade contribui para o bem-estar e, consequente, para a produtividade. Num segundo momento ele parte para ideias inovadoras como as anteriormente citadas.
RH – Quais são as doenças ocupacionais que mais prejudicam a saúde dos brasileiros?
Iamara Ferres – Atualmente, no ambiente de trabalho, são a LER – Lesão por Esforço Repetitivo, e DORT – Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho. São lesões ocorridas em ligamentos, músculos, tendões e em outros segmentos corporais relacionados com o uso repetitivo de movimentos, postura inadequada e outros fatores como força excessiva. Atingem a capacidade motora dos membros. Os mais comuns são: síndrome do túnel do carpo; tendinite, epicondilite, bursite, lombalgia, cervicalgia e hérnia de disco.
RH – Que fatores contribuem para o adoecimento desses profissionais?
Iamara Ferres – Dentro do local de trabalho, os trabalhadores podem estar sujeitos a alguns fatores de riscos, de acordo com as tarefas exercidas, o local, entre outros. Entre esses fatores existe o risco ergonômico, que pode gerar distúrbios psicológicos ou fisiológicos, provocando sérios danos à saúde do trabalhador. Por exemplo, um local de trabalho inadequado, levantamento de peso excessivo e errôneo, monotonia, repetitividade, posturas inadequadas e, especialmente, o estresse.
RH – Muitas empresas investem em qualidade de vida no trabalho. Contudo, há algumas pessoas relaxam e não adotam as recomendações que ajudam a evitar as doenças ocupacionais. Como trabalhar o lado comportamental dos
profissionais, nesses casos?
Iamara Ferres – O capital humano requer mais “ouvidos”, ou seja, perceber a rotina e as características, as particularidades de cada segmento e da equipe ajuda muito a promover ações mais assertivas. Com um trabalho em conjunto com o departamento de Recursos Humanos e o departamento médico da organização e a presença de uma empresa especializada em qualidade de vida com um programa ativo, dinâmico e com métodos diferenciados, mostrando os resultados obtidos com quem aderiu às mudanças, como a diminuição de queixa de dores, dos índices de absenteísmo e dos afastamentos e com isso, esse processo ganha mais fluidez. Com a conscientização desses resultados, o colaborador irá perceber a melhora da qualidade de vida no trabalho e em seu cotidiano. Muitas vezes isso se faz por meio de objetos lúdicos, intervenções criativas e, especialmente, com ações com o jeito da equipe. Recentemente, implementamos uma sala de games que tinha tudo a ver com jovens criadores de uma agência de comunicação, a proposta era fomentar o movimento, ócio criativo e a integração social, que reflete diretamente nos resultados do segmento.
RH – Atualmente, quais as práticas que as organizacionais que mais têm tido efeito positivo, no que se refere à prevenção das doenças ocupacionais?
Iamara Ferres – Hoje, as práticas com efeito positivo são a adesão aos programas de ginástica laboral e quick massage. Atualmente, a ginástica laboral começou a ser compreendido como um grande instrumento na melhora da saúde física do trabalhador, reduzindo e prevenindo doenças ocupacionais por meio de exercícios específicos que são realizados no próprio local de trabalho. E a quick massage, que consiste em uma massagem rápida de dez ou 15 minutos, onde os funcionários sentem alívio imediato das dores, cansaço físico e mental, estresse, desconforto muscular, dor de cabeça, além da melhoria na circulação sanguínea. Na sequência, podemos destacaras atividades lúdicas que vamos identificando em cada demanda.
RH – Além da saúde física, que outros reflexos o investimento à prevenção de doenças ocupacionais traz às empresas e aos seus talentos?
Iamara Ferres – Traz o aumento da produtividade, da autoestima, da redução das doenças relacionadas à tensão. Também se observa uma redução de custos da empresa com licença-médica dos trabalhadores e pagamentos de indenização por inaptidão, redução de faltas de funcionários, melhoria da imagem da empresa, que efetivamente se preocupa com condições de trabalho de seus funcionários. Já para os seus talentos traz motivação.
RH – Como a área de Recursos Humanos está inserida dentro do contexto de prevenção às doenças ocupacionais?
Iamara Ferres – A área de RH é fundamental para o desenvolvimento e o enriquecimento da qualidade de vida e da produtividade no trabalho. O papel do profissional de Recursos Humanos é dedicar-se em dar uma atenção ao cumprimento das normas legais de saúde e segurança do trabalhador, além de fomentar iniciativas que valorizem o capital humano.
RH – Alguma recomendação para as organizações que desejam começar um trabalho bem estruturado, para evitar que seus funcionários tornem-se vítimas das doenças ocupacionais?
Iamara Ferres – Recomendamos procurar uma empresa idônea, especializada em qualidade de vida empresarial, voltada exclusivamente para a saúde do trabalhador, que, em parceria com a empresa, atinja todos os objetivos: promover a saúde, prevenir e amenizar doenças ocupacionais, incentivando e motivando seus colaboradores a praticar atividade física e abandonar o sedentarismo. A soma dessas ações fará um diferencial e trará resultados expressivos às pessoas.

Por Patrícia Bispo para o RH.com.br
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