Crescimento da economia brasileira teria motivado brasileiros a deixar de emigrar para o exterior
O número de brasileiros que emigram para países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) voltou a cair em 2011 em consequência do bom desempenho econômico do país nos últimos anos e da falta de oportunidades de emprego na União Europeia (UE).
Essa é uma das conclusões do relatório anual da OCDE sobre as Perspectivas das Migrações Internacionais, divulgado nesta quinta-feira, em Bruxelas, que indica, por outro lado, o primeiro aumento no fluxo global de imigrantes depois de três anos de queda.
No caso dos brasileiros, o número de emigrantes para o Japão caiu para 4,5 mil em 2011, depois de uma leve recuperação em 2010, ano em que se registraram 4,7 mil entradas comparado com 3 mil em 2009, no auge da crise.
No entanto, a falta de oportunidades de trabalho nesse período levou muitos brasileiros que já estavam instalados no Japão a voltar para o Brasil, resultando em uma redução de 14% na população brasileira no país asiático em 2010 e outra de 9% em 2011.
Espanha e Itália, dois dos destinos preferidos dos brasileiros, registraram o terceiro ano consecutivo de diminuição nas entradas, consequência direta do agravamento da crise econômica e do aumento do desemprego.
Os brasileiros que chegaram ao território espanhol somaram 9,8 mil em 2011, comparado com 11,9 em 2010 e 14,4 mil em 2009, enquanto em território italiano somaram 7,1 mil em 2011, depois de 8,4 mil e 9,4 mil nos dois anos anteriores.
“Essa tendência pode mudar rapidamente se a situação econômica desses países melhorar”, disse à BBC Brasil a analista da OCDE, Theodora Xenogiani.
“Os fluxos de imigração variam claramente em função das oportunidades econômicas e de trabalho. A economia brasileira tem experimentado vários anos de crescimento, enquanto em muitos países europeus o desemprego não para de aumentar, explicou.
Por outro lado, o fluxo de brasileiros para Portugal cresceu de 3,4 mil em 2010 para 6,3 mil em 2011, apesar da grave crise que enfrenta o país europeu.
Tendência global
De maneira geral, a imigração permanente aos países da OCDE aumentou 2% em 2011, depois de uma queda de 3% no ano passado e de 7% em 2009.
A inversão da tendência se deve principalmente ao aumento de 15% na imigração interna na UE, depois de uma queda de 40% entre 2007 e 2010.
Estimulados pelas autoridades europeias, trabalhadores dos países mais afetados pela crise, que enfrentam também os maiores índices de desemprego, decidiram buscar oportunidades em países vizinhos.
A Grécia, onde 27% da população estava desempregada em fevereiro passado, registrou em 2011 a saída de 39 mil imigrantes, um aumento de 160% frente a 2009, o mais expressivo entre todos os países da OCDE.
Na Espanha, 51 mil pessoas emigraram em 2011, 31% mais que em 2009, número que em Portugal chegou a 50 mil, um aumento de 16%.
A OCDE destaca também o aumento nos números de imigrantes da Romênia (+14%) e da Polônia (+24,5%), segundo e terceiro principais países de origem em 2011, só atrás da China.
Áustria e Alemanha, os dois países com os menores níveis de desemprego na UE, registraram os maiores aumentos no número de imigrantes acolhidos esse ano: 27% e 31%, respectivamente.
Fonte: BBC Brasil