Procurando encontramos diversos cursos para aprimorar a habilidade de “falar”. Como Falar em Público, Como falar com Desenvoltura, Como Falar para um Público Hostíl são alguns dos temas disponíveis. Entendo que falar bem é muito importante e que essa habilidade deve sempre ser aprimorada, mas e quanto a ensinar a ouvir? Entendo que se saber falar é importante, saber ouvir é fundamental para nosso cotidiano corporativo.
Para que possamos realmente ouvir o que o outro tem a dizer temos que ter a capacidade de nos despir das pré suposições que nos fazem imaginar que já sabemos o que será dito e que por isso já podemos formar nosso juízo de valor sobre o assunto. Além disso, temos que nos dispor a parar, limpar a mente, e ouvir com atenção. Isso significa se afastar do computador, para evitar a tentação de ler um “e-mailzinho”, ignorar o telefone e as interferências externas. Entendo que o grande vilão do ato de ouvir com atenção são as interrupções fruto do que foi comentado anteriormente, ou seja, estar suscetível as interferências externas e pré supondo o que será dito.
Quando o ouvinte de um diálogo esta exposto a essas interferências é inevitável que ele perca a atenção ao interlocutor e com isso ele perde também a capacidade de ouvir o que não é dito, ou seja, ouvir o que o corpo, o comportamento e a postura dizem. As vezes o que não é dito e mais importante do que o que é dito.
É importante também lembrarmos que as interrupções tem um efeito negativo dobrado no processo de comunicação. Além de agir sobre o ato de ouvir elas agem também sobre o de falar. Isso porque as tais interrupções desmontam a linha de raciocínio, a sequência de argumentos e a estrutura de convencimento criada por quem esta expondo um assunto ou uma tese. Dessa maneira as interrupções prejudicam quem esta falando e inviabilizam ainda mais o ouvir com atenção e qualidade.
Outro problema gerado pelas tais interrupções é que elas alongam a conversa e retardam a resolução de assuntos que poderiam ser resolvidos mais rapidamente. Isso deve-se ao fato de que uma interrupção coloca mais tempo na conversa e ao fato de que as interrupções mudam o foco da conversa levando-o para assuntos para os quais as partes nem sempre estão preparadas.
Dentro desse contexto, ouvir com qualidade é consequência de um conjunto de práticas e não apenas sentar na frente de alguém e dizer: pode falar que estou disponível.
Fábio Jorge Celeguim fjorge.celeguim@uol.com.br @fabioceleguim http://br.linkedin.com/in/fabiojorgeceleguim