O que as empresas podem aprender com os protestos

19 de junho de 2013

Eu não vou me adaptar!

As lições de um novo ativismo cívico e social e como as empresas devem ler o que está acontecendo nas ruas
As lições de um novo ativismo cívico e social e como as empresas devem ler o que está acontecendo nas ruas

A manifestação de ontem me trouxe inúmeras novidades, grandes insights e — por que também não admitir! — grandes esperanças e gostaria de compartilhar algumas de minhas impressões e sacações.

Como consultor empresarial de estratégia parte de meu trabalho é ajudar a direção das empresas a entender o que está ocorrendo do lado de fora das organizações. Uma empresa, por mais excelência que tenha em desenvolver produtos e serviços, não prosperará se não tiver clareza do que se passa no seu meio ambiente externo. Aliás, a falta de sintonia com o lado de fora costuma ser o grande pecado capital das organizações. Sobretudo deixar de entender o Espírito do Tempo significa, de forma inexorável, para uma organização entrar no caminho da decadência e morte.

Na manifestação de ontem o que mais me chamou a atenção em primeiro lugar foi a ausência quase absoluta de políticos e partidos. É verdade, estava lá um grupo, melhor dizendo, um grupelho de militantes do PSTU, virtualmente infiltrados, tentando empurrar as suas bandeiras vermelhas e seu carro de som pela goela abaixo dos manifestantes. Essa melancólica ala se assemelhava mais a um desfile de dinossauros, totalmente destoantes, apupados sem cessar, mas também sem hostilidade física, pela massa dos manifestantes com a palavra de ordem “sem partido!”. Ah, é interessante notar que constatei uma bandeira minúscula, tímida, quase imperceptível da UNE no meio da multidão.

A segunda coisa que me chamou atenção foi inexistência completa de panfletos e de palavras de ordem próprias dos anos 70 e 80. Não se poderia dizer que era uma manifestação de esquerda nem de direita, se usarmos os referenciais ideológicos do século passado. A geração dos nativos digitais não gera papel e está criando suas próprias palavras de ordem. E isso me leva ao terceiro ponto observado: a diversidade das mensagens veiculadas em cartazes artesanais.

Os cartazes de protestos formam uma nova e significativa paisagem da manifestação da Sociedade Digital Global. Em geral feitos em uma mera cartolina, somam centenas de milhares carregados por parte considerável dos manifestantes, que fazem questão de ostentá-los como exibem suas tatuagens, piercings, roupas espertas e outros adereços personalizados.

Pode se dizer que cada um tem sua própria palavra de ordem, sua reivindicação individualizada. E é aí, justamente nessa diversidade de mensagens individuais, que entendo que, não apenas as empresas, mas toda a sociedade deve focar sua atenção se pretende entender minimamente o que está acontecendo. É aí que fica claro para mim que estamos vivendo as marcas de um novo tempo.

Mas, para não alongar mais o post de hoje, paro por aqui.Trata-se também de uma manobra minha. Vou precisar de mais espaço para explicar bem direitinho. Especialmente por que muitos dos meus argumentos vão desagradar boa parte das empresas!

Para compensar antecipo abaixo as fotos de algumas das mensagens da manifestação – as minhas favoritas! – e deixo meus comentários para mais para frente.

 

Fonte: http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com