Aplicativo deseja se tornar uma rede social de reclamações

10 de julho de 2013
O aplicativo pretende reunir manifestantes, empresas e poder público em uma rede social
O aplicativo pretende reunir manifestantes, empresas e poder público em uma rede social

São Paulo – Normalmente, a ideia que motiva a criação de uma startup está relacionada com o desenvolvimento de uma solução inédita para um determinado problema. Para Flávio Henrique de Freitas, de 28 anos, isso não foi diferente. E tudo começou por causa de um sorvete.

Nascido na cidade de Osasco, na Grande São Paulo, Freitas criou o Protestaí, plataforma que reúne diferentes reclamações enviadas pelos usuários. Do buraco da calçada ao mau atendimento em um restaurante, é possível enviar um texto curto com hashtags por meio de um aplicativo gratuito desenvolvido para iOS e Android (clique nos links para baixar o serviço). As reclamações são reunidas e podem ser conferidas no site da empresa.

Formado em Engenharia da Computação pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), o empreendedor começou a desenvolver sites aos 15 anos, quando fez uma página de culinária com as receitas feitas por sua mãe. Após trabalhar com programação, Freitas decidiu fazer do hobby sua profissão e, desde o final do ano passado passou a desenvolver o Protestaí, que foi lançado oficialmente em maio deste ano.

E o que o sorvete tem a ver com a criação da startup? “Estava passeando no shopping e vi uma propaganda bonita de um sorvete. Mas, depois de fazer o pedido, foi aquela decepção com o aspecto real do produto. E eu simplesmente não tinha com quem reclamar”, afirma o jovem. Dessa maneira, ele pensou em criar uma plataforma que pudesse ser acessada por meio de um smartphone, sendo possível registrar a reclamação no mesmo instante do acontecimento.

Antes de lançar o Protestaí, Freitas tinha o objetivo de conquistar até 2 mil fãs no período de um mês. Ele não esperava que, semanas depois de colocar o aplicativo no ar, o Brasil passaria pela maior onda de manifestações desde o período da redemocratização. “Meus amigos até brincaram comigo, falando que eu era muito sortudo. Com os protestos, minha página no Facebook passou a contar com mais de 9 mil seguidores”, diz.

Com o objetivo de se tornar uma “rede social de protestos”, a plataforma pretende estabelecer o diálogo entre os dois lados da questão. “Quando alguém registra uma reclamação, encaminho a mensagem para a empresa envolvida. Quanto ao poder público, já tirei fotos de buracos nas ruas do meu bairro e mandei para um vereador da região”, afirma. Com isso, o empreendedor deseja que as instituições privadas e públicas também entrem no Protestaí, criando um canal de comunicação.

A partir de agora, Freitas deseja atrair investidores para a startup e também não descarta ingressar em uma aceleradora, capaz de fortalecer o modelo de negócio por meio de mentorias, palestras e reuniões com pessoas ligadas ao empreendedorismo. Ele também deseja expandir o serviço para o Windows Phone, mas, para isso, precisa contratar uma equipe de desenvolvedores.

“Aposto nessa ideia porque a internet é um meio de comunicação capaz de difundir rapidamente as coisas e percebemos isso nas últimas semanas. A plataforma terá um papel importante a longo prazo”, afirma. Após perder algumas noites de sono para desenvolver a Protestaí, o empreendedor só tem a acreditar que o “despertar do gigante” irá motivar ainda mais reclamações para mudar as coisas para melhor.