A ilha investiu nos serviços para atrair 1,5 milhão de visitantes estrangeiros por ano
Sol, praias paradisíacas e uma população hospitaleira estão longe de ser as únicas explicações para o desempenho de Aruba no turismo — isso o Brasil também tem, não é? Com cerca de 70% de sua economia baseada nessa atividade, a ilha soube se profissionalizar e investir forte nos serviços para atrair 1,5 milhão de visitantes estrangeiros por ano, segundo as estatísticas do U.S. Department of State. Metade deles são americanos. O país viu no turismo uma oportunidade para crescer há pelo menos 50 anos e focou seus investimentos. A seguir, listamos sete lições que Aruba pode dar ao Brasil.
1. Ser poliglota
Como parte do Reino da Holanda, a ilha tem um pé na Europa. Seu idioma oficial é o holandês, mas os 101 mil habitantes também são fluentes em espanhol, inglês e papiamento, língua crioula derivada do português. Nesse vocabulário estão expressões familiares, como bon dia e por fabor. “Não é em qualquer lugar do mundo que você encontra essa facilidade de comunicação”, afirmou Mike Eman, primeiro-ministro de Aruba, em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
2. Treinar a população para os serviços
Aruba encara o turismo e os serviços como uma prioridade. Para os moradores é aí que estão as melhores oportunidades de trabalho. Eles sabem que é preciso atender bem — e com entusiasmo. O slogan de Aruba é “happy island”. Além do treinamento dado aos funcionários na ilha, há programas de intercâmbio com aeroportos e grandes redes de hotéis em cidades como Barcelona e Londres.
3. Investir pesado no turismo
Só entre 2011 e 2012, o governo e as empresas privadas investiram US$ 1 bilhão em turismo. O valor foi destinado a obras de infraestrutura, renovação de hotéis, cursos e capacitação e novos projetos. Quem anda pelo centro de Aruba vai encontrar muitas obras sendo tocadas. Do lado privado, hotéis continuam sendo construídos, como é o caso do imenso Ritz-Carlton, com inauguração prevista para 2014.
4. Olhar (mesmo!) para o público
De longe, os maiores “clientes” de Aruba são os americanos. Hoje, eles correspondem a 50% dos visitantes, mas essa porcentagem já chegou a 75%. Por isso, a ilha se adequou à cultura americana e ao seu perfil de consumo, dos shoppings às redes de fast-food espalhadas pelas regiões que concentram os hotéis. Até no aeroporto existe uma área exclusiva para quem viaja para os Estados Unidos.
5. Buscar novos consumidores
Ok, os americanos ainda são a maioria, mas é preciso diversificar. “Não queremos ficar na dependência de um único mercado”, afirma Ronella Tjin Asjoe-Croes, CEO da ATA (Aruba Tourism Authority). A ilha tem investido em campanhas para atrair outros países. Hoje, o segundo lugar em número de visitantes fica com a Venezuela, seguida da Holanda, do Brasil e da Colômbia.
6. Oferecer segurança
Em Aruba, os turistas se sentem à vontade para andar a pé. Mesmo tarde da noite é comum ver casais com crianças pequenas caminhando pelos calçadões. Com a vocação para o turismo, a ilha enxergou que a segurança não é um problema que deve ser encarado apenas pelo governo: as empresas e os hotéis também investem para proteger o turista. Existe até um órgão específico para cuidar do assunto, o Aruba Hospitality and Security Foundation. No quesito “sorte”, a ilha conta com o fato de ter uma extensão de apenas 33 quilômetros: fica muito mais fácil vigiar o território.
7. Ser sustentável
O plano de Aruba é se tornar uma ilha 100% sustentável em dez anos. “Esse é um dos benefícios de ser uma ilha pequena, podemos fazer coisas impossíveis em países grandes”, diz o primeiro-ministro Eman. Seu governo está criando uma série de incentivos fiscais para que as empresas façam a transição para uma operação sustentável. “Depois, queremos exportar nosso conhecimento nessa área.”
Mas a ilha também seus problemas a resolver: ainda é difícil estacionar no centro, é preciso investir mais nas estradas e faltam hospitais. Segundo o primeiro-ministro, essas questões serão atacadas por meio de parcerias entre o governo e as empresas — a mesma tática que a ilha usou para conquistar seu espaço no turismo.
Por Débora Fortes
Disponível em : http://revistapegn.globo.com
A jornalista Débora Fortes viajou a Aruba a convite da ATA (Aruba Tourism Authority).