Se você não está conseguindo encontrar um emprego, das duas uma: ou escolheu a área de formação errada ou não tem qualificação. Quando se trata das profissões listadas na ilustração ao lado, quem não está tendo vida fácil é o recrutador. O CORREIO ouviu representantes de seis setores da economia e o discurso é unânime: faltam profissionais qualificados no mercado.
“No Brasil inteiro há esse problema grave de falta de qualificação.Entendo que o despreparo não é por vontade. O problema é o baixo grau de instrução da população. O ensino básico da rede pública é muito precário. E sem base, o profissional não consegue aprender o resto”, atesta Geraldo Cordeiro, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). É ele quem enumera as funções mais difíceis de serem preenchidas no comércio: caixa, fiscal e vendedor. “Os ajudantes e empacotadores são fáceis de achar, porque não exigem muita coisa”, pontua.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Roberto Vieira Lima, concorda. “Se o sujeito não sabe ler e escrever, como vai receber as instruções, fazer uma planta…?”. Segundo ele, a construção é o setor que mais sofre com a falta de qualificação, e os profissionais que estão valendo ouro são os eletricistas, carpinteiros e pedreiros. O salário das três categorias, diz, é de R$ 1,1 mil.
Para tentar resolver a crise da demanda de profissionais qualificados, o Sinduscon inicia em agosto um projeto piloto de treinamento de pessoal dentro dos canteiros de obras, através de vídeos tutoriais.
Na área de contabilidade, a situação também não está fácil para os empregadores! Rosely Vieira, supervisora da Performance Auditoria, conta que há pouco tempo, precisou de um contador que falasse inglês. “Ficamos três semanas procurando e acabamos contratando um que achamos ‘menos pior’”.
Sobre a saúde, Raimundo Correia, presidente do Sindicato de Hospitais (Sindihosba) diz: “É difícil de achar recepcionista, faturista (profissional responsável pelos faturamentos) e, principalmente, médicos”. Já segundo o Núcleo de Carreira do Senai, a maior demanda da indústria é por profissionais de nível técnico em eletrotécnica, mecânica industrial e logística.
E olhe que se qualificar nem é tão complicado assim.
Cursos disponíveis
Veja na página seguinte uma relação de cursos onde você pode se especializar para conseguir uma dessas vagas. A maioria deles é gratuita, mas é necessário se enquadrar em critérios que envolvem idade e limite de renda, por exemplo.
O programa A Trilha, do SineBahia e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), é o que oferece atualmente o maior número de vagas: 3,5 mil. Para se matricular, é necessário ter idade entre 16 e 29 anos, estar cursando ou ter concluído o ensino médio, estar desempregado e pertencer a uma família cadastrada no Bolsa Família.
A coordenadora do programa, Rosane Porto, explica os critérios para a escolha dos cursos disponíveis. “Avaliamos o que está sendo ofertado pelo mercado. É feito um levantamento das 131 unidades do SineBahia, e são priorizadas as demandas que não exigem experiência, porque não adianta qualificar o jovem que busca a primeira oportunidade, se for exigida experiência desse jovem”, pondera.
Por Priscila Chammas
priscila.chammas@redebahia.com.br
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