É uma armadilha, mas todo mundo chama de casamento.

8 de agosto de 2013

Na Academia do Dinheiro frequentemente somos procurados para o planejar financeiramente a união conjugal desde a festa de casamento até a escolha de um imóvel adequado ao orçamento do novo casal.

planejamento

A ideia de união matrimonial é inerente ao ser humano. Claro que alguns acabam mudando de ideia no caminho, mas a maioria acaba sendo conquistada pelo casamento. Isso é um processo natural da nossa sociedade.

Mesmo com toda a alegria e comprometimento que envolve uma união, devemos ter em mente que muitos aspectos estão envolvidos, incluindo o financeiro. Afinal, decidimos deixar nossa condição de solteiro, saímos da casa dos pais, onde normalmente não se tem o compromisso de pagar pelas despesas, e temos pela frente novas responsabilidades. Nessa mudança toda, podemos incluir comprar um imóvel ou veículo com o cônjuge, ter a conta bancária conjunta e dividir as despesas comuns da nova vida.

Essa nova fase realmente merece muitos cuidados. E não falo somente de planejar as contas, dividir os gastos e ter objetivos comuns. O que acredito ser importante e que muitos não se dão conta é que grande parte do patrimônio é formada após o casamento. A estabilidade emocional e a sinergia de esforços permite que isso aconteça.

No entanto, por uma questão de romantismo, esquecemos de que o nosso sistema financeiro e legal se aproveita das boas intenções dos apaixonados em um novo estado civil para a cobrança de dívidas e isso pode acabar estimulando a infidelidade financeira e mesmo as crises conjugais.

Nesse contexto, o regime de separação de bens pode acabar tendo um papel financeiro maior do que imaginamos. Ele pode deixar de ser uma simples formalidade e ser um instrumento de proteção patrimonial a favor do casal, contra instituições ou credores que possam vir a executar algum tipo de dívida baseada no seu novo estado civil.

É muito comum que, em algum momento da vida, seja de solteiro ou de casado, acabamos adquirindo bens por meio de um financiamento. Também não estamos isentos de em algum ponto não conseguirmos honrar esse compromisso. E por uma questão de ética e de respeito não devemos levar essa dívida para o nosso cônjuge.

Como já mencionei, geralmente após o casamento, temos novos compromissos financeiros, mas por outro lado, muitos já alcançaram a maturidade profissional e salarial e os sonhos de consumo costumam acompanhar esse progresso. Além disso, os desejos em parceria também costumam mudar a direção pelo meio do caminho.

Mas do ponto de vista financeiro e legal é importante que o casal esteja atento para a valorização do patrimônio e dos mecanismos legais existentes que protejam toda a família. Cabe ao casal consultar um profissional para avaliar qual o regime melhor protegerá o patrimônio, ajudará a formar patrimônio e, logicamente, evitar que os sonhos não sejam desfeitos pelo caminho.

Um conselho que sempre vale é que, além da divisão das contas na nova rotina, o casal também se preocupe com a proteção do que irá adquirir futuramente. Longe de ser um ato egoísta ou de falta de confiança entre os cônjuges, esses cuidados fazem parte do planejamento financeiro do casal. Além de colocar as contas em comum, isso aumenta a confiança e a transparência.

Na verdade, serão os pequenos detalhes que farão a diferença na vida a dois.

Por Mauro Calil
Imagem: aiesec.blog.br