No trabalho, em casa, na escola ou nas relações amorosas, tem gente que tenta controlar tudo: da escolha da viagem em família ao que suas companhias pedem no restaurante. “Sem dúvida, trata-se de uma tendência de comportamento. Há pessoas naturalmente controladoras”, afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR (Intenational Stress Management Association no Brasil). Essa forma de se portar, muitas vezes, se manifesta na infância e é reforçada na idade adulta, e pode fazer com que o indivíduo tenha problemas de relacionamento.
A psiquiatra Mônica Cereser, do Centro Psicológico de Controle do Stress, concorda que essa característica se desenvolve desde os primeiros anos de vida. “Os controladores, geralmente, aprenderam a pensar dessa forma”, diz ela. Em outras palavras, o jeitão autoritário, mesmo que sutil –de quem dá uma ordem quase como se fosse um pedido ou se vitimiza e faz chantagens emocionais–, é resultado da soma de experiências provenientes do meio familiar, da escola e de todo o processo de socialização.
“O indivíduo controlador tem uma visão dogmática da vida, absolutista, pois, para ele, tudo precisa ser da forma como ele entende que é a correta”, explica Mônica. “Não podemos generalizar, mas, frequentemente, essas pessoas escondem uma terrível insegurança, inconscientemente”, diz ela.
De acordo com o psicólogo e psicoterapeuta Antonio Carlos Amador Pereira, que é professor da PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), o controlador que sente a necessidade de organizar tudo, o tempo todo, carrega um traço obsessivo. “Enquanto não acerta um quadro que está torto, ele não fica tranquilo. Há uma dificuldade de lidar com suas questões internas, por isso tudo tem de estar arrumado”. O afã de estar no comando pode levar o indivíduo a passar mal quando não é capaz de dominar uma situação.
“Essa pessoa, possivelmente, terá muitos prejuízos, uma vez que deixa de considerar que os outros também podem estar com a razão e que nem sempre existe um modo único de fazer as coisas e de pensar”, diz Mônica Cereser. “Ela crê que seu jeito é o correto e acaba criando uma série de fatores estressores, a ela e aos demais”. Sem contar na raiva e no ressentimento que provoca em quem convive com essa figura.
Por Fábio de Oliveira
Do UOL, em São Paulo