Para onde vai a educação empreendedora no Brasil?

22 de outubro de 2013

Evento traz propostas para aprimorar cursos oferecidos no país

micro-empreendedorEntre os dias 9 e 11 de outubro, a Endeavor realizou a 4ª edição de seu encontro anual de professores de empreendedorismo, o REE (Rodada de Educação Empreendedora) Brasil 2013. O evento, realizado no Hotel Fazenda Dona Carolina, em Itatiba (SP), reuniu quase 100 professores de instituições de ensino superior de todo o país. O objetivo era compartilhar práticas de educação empreendedora e conhecer o que vem sendo discutido no Brasil sobre o tema.

Um dos palestrantes foi Bill Aulet, professor do MIT (Massachussetts Institute of Technology), nos EUA, que apresentou sua metodologia de ensino, conhecida como Disciplined Entrepreneurship. O sistema ensina os 24 passos para construir uma empresa bem sucedida. Trata-se de um método orientado para negócios de alto impacto – baseados em inovação, com potencial para crescimento rápido.

Na visão de Aulet, o empreendedor precisa ter a ousadia de um pirata, mas a capacidade de execução e a disciplina de um marinheiro. De acordo com a sua metodologia, o dono de um negócio deve: 1. conhecer o cliente; 2. identificar suas necessidades; 3. procurar atendê-lo com um produto ou serviço; 4. encontrar formas de fazer a sua solução chegar ao seu público; 5. desenhar o modelo de negócio mais lucrativo; 6. planejar formas de escalar o empreendimento.

Heidi Neck, da Babson College, foi a segunda palestrante internacional do evento. De forma divertida, ela fez algumas sugestões de práticas para educadores de empreendedorismo, baseadas em seu livroTeaching Entrepreneurship. Em uma oficina prática, Neck introduziu o tema design thinking, uma técnica de estímulo à criatividade por meio de passos bem definidos. O processo, criado por Tom Kelley, um dos sócios da empresa de design Ideo, da Califórnia (EUA), inclui as seguintes fases: observação dos fatos; interpretação destes; identificação dos espaços de oportunidade; ideação ou geração de ideias; verificação da viabilidade das principais propostas; construção de um storyboard para ilustrar a ideia, na forma de modelo, gráfico, figura ou protótipo.

O evento contou ainda com a apresentação de um estudo da Endeavor sobre educação empreendedora. A pesquisa mostrou a visão de professores e alunos de instituições de ensino superior de todo o país sobre o empreendedorismo como opção de carreira e sobre o ensino do tema nas escolas. Além de participar desse estudo, eu apresentei os resultados da minha pesquisa sobre Centros de Empreendedorismo, realizada para o Sebrae-SP. Nesse estudo, foram mapeados os centros de apoio à formação empreendedora no meio acadêmico brasileiro. O projeto fez ainda uma comparação com centros similares em instituições fora do país. Como resultado, foi formulada uma proposta para a constituição de um Centro de Empreendedorismo acadêmico, acompanhada por uma oficina prática sobre o assunto.

Além desta oficina, os professores tiveram a oportunidade de participar de outros dois workshops, um deles sobre gamificação no ensino de empreendedorismo, com Marcus Linhares, e outro sobre a metodologia Bota pra Fazer, inspirado no programa FastTrac, da Fundação Kauffmann, que a Endeavor trouxe para o Brasil. Também estiveram presentes ao encontro Cássio Spina, da Anjos do Brasil, e Marcos Vinicius de Souza, do Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio. Houve ainda a apresentação dos prêmios Compromisso 2012 e Educação Empreendedora 2013.

Ao final do evento, a conclusão é de que existe hoje no Brasil uma cultura mais coesa, favorável ao empreendedorismo como opção de carreira. Nesse cenário, o ensino superior está atento e procurando se adaptar. Mas, nesse primeiro momento, ainda falta muita coisa para estruturar e organizar – como a formação dos professores, as expectativas dos alunos, a qualidade dos negócios gerados e a integração entre a escola e o ecossistema empreendedor. Os primeiros passos foram dados, mas há um longo e árduo caminho pela frente.

Fonte: PE & GN