Pesquisas apontam que os trabalhadores do setor público ganham mais do que os do setor privado formal em 88% das ocupações
É grande o número de pessoas que estudam para concurso. A grande maioria escolhe o serviço público por causa da estabilidade financeira, benefícios como plano de saúde e auxílio creche, mas a realização deste sonho nem sempre permanece às mil maravilhas.
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| Ronivaldo Sampaio foi influenciado pela estabilidade |
Se para alguns o desejo de fazer concurso nasce com a dificuldade de encontrar emprego, para o analista de tecnologia da informação, Ronivaldo Sampaio, 37 anos, o engajamento em busca da aprovação em uma seleção pública surgiu depois que ele passou por diversos problemas na empresa que montou com alguns sócios.
“Ter e manter uma empresa exige matar um leão a cada dia, pois o mercado está cada vez mais competitivo. Percebi que precisava de algo mais tranquilo e que não trouxesse tanta dor de cabeça do início ao fim do mês”, conta.
Influenciado pelos bons salários, sempre em dia, estabilidade e aposentadoria integral, Ronivaldo resolveu largar tudo e focar nos estudos para um concurso público e alcançar a famosa estabilidade, deixando de vez a preocupação do dia a dia de lado. Ele conseguiu passar no concurso da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, mas viu que no serviço público tudo era muito rígido e excessivamente burocrático. Hoje, a rotina de trabalho o deixa insatisfeito por conta do trabalho em si e também pela formalidade excessiva.
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| O sonho de Virgílio era viver do que música pudesse lhe oferecer |
Nesta articulação entre decisão profissional e estilo de vida, os modelos familiares também predominam. É o caso de Virgílio Figueiredo, 37 anos, técnico de operações de redes pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). “Tive a influência familiar, meu pai era professor de entidade pública e minha mãe professora estadual. Isso me fez presenciar sempre uma fartura alimentar, educacional, cultural e lazer de forma perene em minha vida”, descreve.
No entanto, o sonho profissional de Virgílio era viver de tudo aquilo que a música pudesse lhe oferecer. “Simplesmente desisti. Diante de outros exemplos de músicos que vivem sofrendo com a inexistência, com limitações financeiras devido a sazonalidade de manifestações e incentivos culturais tanto por parte da iniciativa pública quanto da privada”, manifesta.
O técnico de redes desabafa que mesmo escolhendo pela segurança de ter ao menos uma quantia certa ao final de cada mês, sente hoje insatisfeito pelo não acompanhamento dos salários diante de inflação e desequilíbrios comerciais, mas não pelo caminho escolhido.
Pesquisas apontam que os trabalhadores do setor público ganham mais do que os do setor privado formal em 88% das ocupações. Um levantamento feito pelo jornal ‘O Globo’, a partir dos dados do Censo 2010, levando em conta estatutários, militares e trabalhadores com carteira assinada, aponta que, no Brasil, das 338 ocupações onde é possível a comparação, o setor público paga mais em 297. Nessas 338 ocupações, o setor público soma 3,2 milhões de funcionários; o privado, 31,6 milhões.
Para Cecília Spínola, consultora da ValoRH, antes de apostar todo seu empenho na aprovação de um cargo público é necessário avaliar alguns critérios da vaga para não correr risco de frustração e acabarem descontentes com a função escolhida.
Averiguar sobre o órgão e o cargo que almeja são pontos importantes, segundo Cecília Spínola. “Avaliar o escopo do trabalho e o órgão para o qual podem vir a fazer parte são importantes para que isso possa atrair ou não ao cargo, e não o salário e a localidade da vaga”, recomenda.
Fonte: iBahia.com