Vivendo e aprendendo a comprar

21 de novembro de 2013

Vivendo e aprendendo a comprar

O congresso Cartes – conexões com segurança – prosseguiu hoje, em seu segundo dia, abordando as sensíveis mudanças dos processos de consumo. Ir a uma loja, a um supermercado, a uma farmácia vai mudar (

Jacques Meir

Cartes, Paris)

 As inovações são inúmeras e há fartos exemplos sobre novas formas de interação do consumidor com bancos, credenciadoras e varejistas. E tudo se resume no momento definitivo: o pagamento.

Apresentações da MasterCard, do PayPal, da Proxama e de diversas outras empresas mostraram que o momento do pagamento pode quase passar despercebido. Soluções como o NFC (Near Field Communication ou Comunicação a curta distância) ou o PayPal App permitem que os consumidores façam pagamentos apenas aproximando seus cartões dos POSs ou nem isso. O PayPal disponibiliza um serviço de frequência que, uma vez habilitado no celular e no estabelecimento, permite que o consumidor autorize uma transferência para a loja apenas com alguns movimentos, sem necessidade de passar pelo caixa. Escolha seus produtos, pegue as sacolas e vá para casa, sem passar por filas ou por caixas rabugentos. Olivier Binet, responsável pelo desenvolvimento de negócios inovadores do PayPal, fez uma apresentação impactante, mostrando como a realidade prevista no filme Minority Report, estrelado pelo astro Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg, está disponível agora, com marcas e lojas capazes de reconhecer você em qualquer lugar, a qualquer hora, e capazes de customizar ofertas em tempo real e facilitar transações sem necessidade de uso de cartões ou dinheiro.

A expectativa é de crescimento exponencial desses novos formatos nos próximos 5 anos. Há diversas experiências promissoras na Inglaterra, inclusive utilizando propaganda em mídia exterior que se completam com a experiência na loja. Andy Ramsden, Key Account Director da Proxama, empresa britânica de tecnologia NFC fez uma apresentação repleta de cases de varejo. A rede Starbucks, uma das pioneiras na adoção de diversas novos formatos de meios de pagamento coloca anúncios nos pontos de ônibus. A cada dia, novas ofertas estão disponíveis para os consumidores bastando apenas aproximar o celular dos pôsteres e cartazes afixados nos pontos de ônibus. Depois, já em uma loja Starbucks, do mesmo modo o consumidor aproxima o celular do dispositivo no caixa e faz o pagamento da oferta sem usar cartão ou dinheiro. A chave é que ele é reconhecido como cliente e habilitado a fazer uso da oferta anunciada.

A aposta do mercado, pelo que vemos aqui na Cartes, é pela criação de novas, instigantes, interativas e simplificadas experiências de compra, que minimizam sentimentos negativos do pós-compra. Evidentemente que esse processo traz uma série de implicações e questões: como coordenar a divisão de tarefas e o destino de recursos e investimentos entre operadoras de telefonia móvel, bancos, operadoras de cartão de crédito e redes varejistas? O dinheiro do cliente tem de ser repartido entre todos esses players e a quem caberá quanto? E quem fará o trabalho pesado de investir na adquirência, ou seja, na conquista de redes varejistas que possam oferecer estes serviços?

O fato é que enquanto mal nos adaptamos a viver conectados, disponíveis e interagindo com empresas e outras pessoas nesses pouco mais de 15 anos do advento da economia digital, agora teremos de reaprender a comprar. Tomara que dessa vez possamos aprender direito a consumir melhor, de modo mais consciente e racional (por mais difícil que seja conciliar razão com os impulsos naturais do momento de consumo).

Fonte: Portal No Varejo – Por Jacques Meir, Diretor de Conhecimento e Inteligência de Negócios Do Grupo Padrao especial para o Portal e revista NOVAREJO